Mudar meta de superávit seria "tiro no pé", diz economista à CNN

Para o economista Felipe Salto, governo tem incertezas sobre as receitas que precisam ser fechadas para o resultado de 2024

Da CNN, São Paulo
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Em entrevista à CNN na noite desta quarta-feira (9), o economista-chefe e sócio da corretora Warren Rena, Felipe Salto, afirmou que uma possível mudança na meta de superávit para 2024 seria um "tiro no pé" por parte do governo.

"Ainda não temos o arcabouço fiscal aprovado e o próprio governo impôs essa meta de déficit primário de 0,25% do PIB", comenta.

Para Salto, o governo tem incertezas sobre as receitas que precisam ser fechadas para o resultado de 2024, além de aprovar o marco fiscal.

"O Congresso está querendo 'um pouco de sangue' e querendo mais gastos, e mudar a meta de primário seria uma forma de fazer isso", afirma.

Salto destaca que este não é o momento para discutir uma mudança na meta de superávit.

"O governo pode colocar na proposta orçamentária suas projeções de receitas, que têm que ser fidedignas e estar baseadas em projetos de lei que garantam essas receitas. Ele pode resolver o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) sem mudar a meta", avalia.

"Se ele [governo] ceder nesse momento, o último que sair que apague a luz", acrescenta.

O governo tem até o dia 31 de agosto para enviar ao Congresso a proposta para o Orçamento de 2024.

Aumentar a arrecadação parece ser uma preocupação, mas muito se questiona se o corte de gastos entra nesse esforço — como por exemplo, a notícia de que parte do financiamento de obras do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) poderia ficar de fora da meta.

"O prazo é curto. Além disso, para o ano que vem, há uma incerteza quanto às medidas que serão tomadas do lado da arrecadação para garantir aquilo que a gente chama de 'meta de resultado primário'. Esse é o debate que vai se intensificar até o fim do mês", comenta Salto.

O economista ressalta que a discussão da proposta orçamentária "mobiliza corações e mentes", e neste ano esse sentimento está ainda mais evidente.

"Primeiro porque este é o primeiro ano do novo governo. Além disso, temos o arcabouço fiscal jogando um pouco de 'areia' nessa discussão", avalia.

Na visão do especialista, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem conseguido liderar o processo orçamentário.

"Ao manter Haddad com a força que tem, as forças contrárias vão sendo neutralizadas", conclui.

Veja também: Ambiente para contas públicas é de imprevisibilidade, diz especialista sobre orçamento

*Publicado por Amanda Sampaio, da CNN.

 

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