ONS prevê pior cenário hídrico dos últimos 20 anos para o subsistema SE/CO
Informe divulgado pelo órgão nesta sexta-feira (24), projeta pior média de energia armazenada no subsistema das regiões Sudeste/Centro-Oeste
O boletim do Operador Nacional do Sistema elétrico (ONS), divulgado nesta sexta-feira (24), mostra que os níveis de armazenamento do Subsistema Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO) podem chegar a uma média de 12,6% de sua capacidade total até o fim de setembro. Dessa forma, os reservatórios responsáveis por cerca de 70% da geração hídrica do Brasil devem registrar os piores níveis dos últimos 20 anos. Esta já é a maior crise hídrica dos últimos 91 anos.
De acordo com dados disponíveis pelo próprio ONS, a semana operativa de 25/09 a 01/10 do ano passado registrou um volume energético médio de 28%, ante os 12,6% previstos para a próxima semana. O volume atual do subsistema está em 18,4%. Caso a previsão do ONS se confirme, os reservatórios das regiões SE/CO terão na próxima semana o pior nível de armazenamento desde o racionamento energético que ocorreu em 2001.
Os outros sistemas estão com reservatórios em níveis acima de 30%. O sul com 30,9%, o Nordeste com 42,2% e o Norte com 62,9%. As projeções para esses sistemas na próxima semana são, respectivamente, 35.6%, 26,1% e 42,9%. Ainda segundo o ONS, para a próxima semana, a previsão é de recessão nas afluências dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Sul e Norte e estabilidade nas afluências do subsistema Nordeste. A previsão mensal para outubro indica a ocorrência de afluências abaixo da média histórica para todos os subsistemas.
O pesquisador e especialista em energia elétrica da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Diogo Lisbona, garantiu à CNN nesta sexta-feira (24) diz que o Brasil já registrou um cenário parecido há 10 anos, mas, na época, ocasionado por outros motivos.
“Estamos no período seco, o volume de chuva é muito pequeno. Fora isso, o que chove está abaixo da média. Nesse período do ano, nós realmente temos o costume de usar as reservas energéticas, mas não com tanto volume como neste ano. Podemos dizer que a situação está muito crítica. Temos um exemplo que foi em 2001, quando tivemos um cenário parecido com o registrado este ano. Mas naquela época, o motivo da crise foi outro: a rede energética do Brasil tinha menos fontes de energia disponíveis e menor oferta de termelétricas”, disse.
Já em 2021, para tentar mitigar o impacto da crise hídrica no país, o ONS apontou que o mês de agosto foi o período que houve a maior quantidade de energia gerada por termelétricas desde o início da série histórica, iniciada em 1999 pela operadora. Foram cerca de 20.970 megawatts-médios (MWmed) gerados por esse tipo de usina, superando o recorde anterior registrado no mês de julho deste ano – 18.625 MWmed.