PMI: Indústria brasileira contrai menos em maio, mas cenário segue preocupante

Na China, a produção aumenta, mas demanda segue fraca, enquanto zona do euro parece se recuperar

Trabalhadoras em indústria gráfica
Contração na indústria do Brasil desacelera, mas segue intensa  • Foto: Paula Forster/CNN
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De acordo com dados do Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), divulgados pelo IHS Markit nesta segunda-feira (1º), a contração da atividade industrial do Brasil desacelerou em maio, mas o setor ainda mostra uma deterioração sem precedentes em meio aos impactos do isolamento social induzido coronavírus no país.

O PMI do setor industrial subiu a 38,3 em maio, depois de despencar a 36,0 em abril. Apesar da alta, o indicador permaneceu abaixo da marca de 50, que separa crescimento de contração, pelo terceiro mês seguido. Apesar de um abrandamento das perdas, as empresas sinalizaram fortes contrações da produção e das novas encomendas em maio, levando a uma queda recorde da atividade de compras e à continuidade das perdas de emprego.

"A pesquisa de maio indicou que o setor industrial do Brasil continuou sob intensa pressão. Somando-se às preocupações das empresas esteve outro considerável aumento nos custos de insumos, com os produtos denominados em dólar registrando alta dos preços", destacou o diretor econômico do IHS Markit, Paul Smith.

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As empresas continuaram a atribuir as perdas na produção no segundo ritmo mais forte na história da pesquisa e nas novas encomendas às restrições sobre a atividade relacionadas à pandemia. O mesmo cenário levou a mais uma substancial queda nas novas encomendas para exportação, chegando ao nono mês de contrações.

Diante disso, a redução de gastos permaneceu dando o tom às indústrias brasileiras, que reduziram as atividades de compras no ritmo mais rápido já registrado e fecharam vagas pelo terceiro mês seguido.

Já os preços dos insumos mostraram forte aumento em maio, graças principalmente a movimentos cambiais desfavoráveis, com forte alta do dólar ante o real durante parte do mês. Mas, apesar da queda na demanda, as empresas optaram por elevar seus preços cobrados.

Por outro lado, a confiança sobre o futuro melhorou em maio após mínima de 49 meses de abril, com as empresas indicando algum otimismo de que quando o surto do coronavírus for controlado, haverá recuperação tanto da produção quanto da demanda. Entretanto, ainda permanecem algumas preocupações de uma prolongada retração global.

China

Na China, a atividade industrial voltou inesperadamente a crescer em maio, uma vez que as medidas de contenção do coronavírus foram aliviadas. A melhora, no entanto, foi marginal, já que as encomendas para exportação continuaram a encolher. O PMI final de indústria do Caixin/Markit subiu a 50,7 no mês passado, de 49,4 no mês anterior. 

Embora modesta, a leitura de maio foi a mais alta desde janeiro, diante do forte aumento na produção conforme as empresas retornam ao trabalho e entregam encomendas em atraso. As cadeias de oferta também se estabilizaram após fortes disrupções mais cedo no ano.

Mas a demanda permaneceu fraca. Com muitos dos parceiros comerciais da China ainda em lockdown, as novas encomendas de exportação permaneceram em território de contração, embora a queda não tenha sido tão acentuada como em abril.

"As exportações fracas permaneceram um grande peso sobre a demanda já que o vírus continua a se espalhar no exterior", disse Wang Zhe, economista sênior do Caixin Insight Group.

No domingo, pesquisa oficial mostrou que a atividade industrial da China cresceu a um ritmo mais lento em maio, mas a força dos setores de serviços e construção acelerou, indicando recuperação desigual na segunda maior economia do mundo após reabertura das empresas.

Zona do euro

As indústrias da zona do euro já passaram pelo pior, mas a atividade ainda está contraindo com força diante das restrições impostas pelo coronavírus. Depois de cair em abril, para a leitura mais baixa já registrada nos quase 22 anos de história da pesquisa, o PMI da indústria europeia se recuperou um pouco no mês passado.

O índice subiu a 39,4 em maio de 33,4 em abril, mas ainda longe da marca de 50 que separa crescimento de contração e pouco abaixo da preliminar de 39,5. O subíndice de produção permaneceu fraco mas quase que dobrou a 35,6, de 18,1 em abril.

"A contração da indústria parece ter saído do fundo do poço em abril, com a produção caindo a uma taxa bem mais lenta em maio", disse Chris Williamson, economista chefe do IHS Markit.

"A melhora reflete em parte apenas a comparação contra uma queda acentuada em abril, mas de forma mais encorajadora está também ligada à retomada pelas empresas do trabalho uma vez que as medidas de restrição pelo vírus são aliviadas."

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