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Superávit comercial dos EUA com Brasil salta 500% e alcança US$ 1,7 bilhão

Balanço divulgado pela Amcham Brasil, referente ao 1º semestre de 2025, ocorre em meio ao tarifaço de Donald Trump

Pedro Zanatta, da CNN, São Paulo
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Ao longo do 1º semestre de 2025, o superávit comercial dos Estados Unidos em relação ao Brasil alcançou US$ 1,7 bilhão — um aumento de aproximadamente 500% em comparação com o mesmo período de 2024. O resultado acontece em meio ao tarifaço do presidente americano Donald Trump, que teve início em abril, com o "Dia da Libertação".

Mesmo com o crescimento de 7,7% da corrente de comércio bilateral no período, totalizando US$ 41,7 bilhões - o 2º maior valor da série histórica -, o levantamento da Amcham Brasil aponta efeitos cada vez mais visíveis das tarifas sobre setores estratégicos das exportações brasileiras.

As exportações brasileiras para os EUA somaram US$ 20,0 bilhões no primeiro semestre de 2025, um aumento de 4,4% em relação ao mesmo período de 2024.

Segundo a Amcham, o desempenho superou a ligeira queda nas exportações brasileiras ao mundo (-0,6%) e alguns dos principais parceiros como a China (queda de 7,5%) e a União Europeia (+2,6%). Entre os cinco maiores destinos, apenas a Argentina (+55,4%), teve alta acima de EUA, como um reflexo da recuperação econômica do país vizinho.

Entre os principais dos produtos brasileiros exportados para os EUA, os bens industriais e derivados de petróleo compõe os destaques.

Os 10 principais produtos exportados para os EUA

  • Óleos brutos de petróleo
  • Produtos semi-acabados de ferro ou aço
  • Café não torrado
  • Aeronaves
  • Ferro-gusa
  • Óleos combustíveis
  • Carne bovina
  • Sucos de frutas
  • Celulose
  • Instalações e equip. de engenharia civil

Com a alta participação, as exportações industriais totais aos EUA cresceram 4,4%, de US$ 19,2 bilhões para US$ 20 bilhões. O resultado fez com que o país tenha ampliado sua liderança como principal destino da indústria brasileira de bens industriais, que subiram de US$ 14,7 para US$ 16 bilhões no período.

Do outro lado, as importações brasileiras provenientes dos EUA totalizaram US$ 21,7 bilhões, um forte aumento de 11,5% no período (ou US$ 2,2 bilhões a mais em relação ao mesmo período do ano anterior). O crescimento foi maior do que o das compras totais pelo Brasil do mundo (+8,3%) e de parceiros como a União Europeia (+4,4%) e o Mercosul (-0,9%).

Os 10 principais produtos importados dos EUA

  • Motores e máquinas não elétricos
  • Óleos combustíveis
  • Aeronaves
  • Óleos brutos de petróleo
  • Polímeros de etileno
  • Carvão
  • Medicamentos e produtos farmacêuticos
  • Instrumentos e aparelhos de medição
  • Outros medicamentos
  • Inseticidas

O estudo aponta que a alta nas importações brasileiras provenientes dos EUA foi superior às importações do mundo (8,3%) no período. A alta foi notada principalmente em bens industriais, que atingiu a cifra de 15,2%.

Impactos em setores

Segundo a Amcham, apesar do desempenho geral positivo das exportações brasileiras no primeiro semestre, setores estratégicos já começam a apresentar retração nas vendas aos Estados Unidos como consequência direta das tarifas atualmente em vigor.

Dentre os 10 principais produtos que tiveram queda nas exportações, oito deles estão sujeitos a aumentos tarifários, como celulose (-14,9%), motores (-7,6%), máquinas e equipamentos (-23,6%), manufaturas de madeira (-14,0%) e autopeças (-5,6%).

​Tarifas contra o Brasil

Na última quarta-feira (9), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que irá aplicar uma tarifa de 50% sobre os produtos importados do Brasil. A nova alíquota entra em vigor a partir do dia 1º de agosto.

O republicano compartilhou a notícia em carta endereçada ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na sua rede social, Truth Social.

No documento, Trump atribui a cobrança, além de uma relação que diz ser injusta com o país, à postura do STF (Supremo Tribunal Federal) com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A medida tem gerado forte apreensão no setor produtivo brasileiro, que tem pedido por negociações e prudência nas conversas com os americanos.

Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que se os EUA não quiserem comprar do Brasil, o governo vai procurar quem queira.

De acordo com o presidente, a relação comercial com o EUA não é essencial para a sobrevivência do Brasil.

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