CNN Brasil Money

Taurus cogita mudar operações para os EUA por tarifaço; ações desabam

Taxa de 50% imposta pelo governo dos EUA deve entrar em vigor nesta sexta-feira (1º)

Gabriel Bosa, da CNN, São Paulo
Taurus
Com sede em São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, a empresa também mantém um parque fabril nos EUA  • Foto: Reuters/Lucas Jackson
Compartilhar matéria

As ações da Taurus desabaram nesta segunda-feira (28), em reação negativa dos investidores às falas do CEO, Salesio Nuhs, sobre a possibilidade de a empresa transferir toda a sua operação aos Estados Unidos caso as tarifas de 50% impostas por Donald Trump sejam efetivadas a partir de sexta-feira (1º).

Os papéis da fabricante gaúcha encerraram o pregão com recuo de 7,87%, negociados a R$ 4,80.

Em entrevista ao programa Tá na Hora, do site Berlinda, Nuhs afirmou que a sobretaxa dos EUA pode inviabilizar a fábrica brasileira. A unidade conta com 3 mil funcionários, porém, indiretamente, cerca de 15 mil profissionais poderão ser afetados.

CCom sede em São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, a empresa também mantém um parque fabril nos EUA.

 

“Se realmente perdurar essa questão da taxação de 50%, várias empresas e vários segmentos no Brasil ficarão inviabilizados. Ela não significa simplesmente diminuir margem. Significa inviabilidade total. Não existe margem que possa cobrir uma taxação de 50%”, afirmou.

A CNN procurou a Taurus para mais informações, mas não obteve retorno até a publicado deste texto.

O CEO também criticou a postura do governo nas tratativas de contato com autoridades dos EUA. Segundo Nuhs, o esforço diplomático do governo federal "é uma tragédia".

"Isso mostra a nossa falta de competência para discutir um assunto dessa magnitude", apontou. "Essa falta de habilidade está trazendo uma insegurança jurídica muito grande para os empresários do Brasil e uma insegurança para o trabalhador, que pode perder seu emprego simplesmente porque o governo não conseguiu negociar".

O CEO ainda citou que está buscando contato com autoridades estaduais e nacionais, além de representantes do governo norte-americano no Brasil.

“Estamos tentando entender quais ações podem ser feitas. Mas se nada for feito rapidamente, teremos que tomar medidas concretas de sobrevivência empresarial”, disse.

A falta de interlocução entre Brasília e Washington é o grande desafio a ser superado. Entre membros do alto escalão, até o momento, houve apenas uma conversa, de 50 minutos, entre o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick.

Segundo o vice-presidente, a conversa, que aconteceu no último sábado (19), foi longa e proveitosa. Apesar de revelar que a contato aconteceu, Alckmin não deu mais detalhes sobre quais foram os argumentos e opiniões do representante de Trump.

Apesar desse contato com o alto escalão de Trump, o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admite dificuldades para dialogar com seu equivalente americano, o secretário do Tesouro, Scott Bessent.

Segundo Haddad, hoje a comunicação entre o Tesouro dos EUA e o Ministério da Fazenda ocorre apenas em nível técnico.

Ele também afirmou que as informações estão concentradas na assessoria da Casa Branca — ou seja, a palavra final, independentemente da posição dos técnicos, é do próprio Trump.

A despeito dos esforços, a equipe econômica alega que os canais de comunicação estão obstruídos por políticos e influenciadores ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

 

Acompanhe Economia nas Redes Sociais