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Juros longos caem com efeito dos Treasuries, mas fiscal limita alívio

Tensão em torno do IOF segue pautando investidores

Denise Abarca, do Estadão Conteúdo
Juros porcentagem selic
DI para janeiro de 2026 fechou em 14,830%, de 14,808% ontem no ajuste  • Getty Images
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Os juros futuros fecharam a sessão com viés de alta nas taxas curtas e intermediárias e as longas em queda marginal. A leve desinclinação da curva foi atribuída principalmente ao exterior.

O tombo dos rendimentos dos Treasuries trouxe algum alívio para a ponta longa, mas limitado pelas incertezas com o quadro fiscal, diante da espera pelas medidas alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou em 14,830%, de 14,808% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 passou de 14,18% para 14,21%. A do DI para janeiro de 2029 caiu a 13,60%, de 13,65%, e a do DI para janeiro de 2031, de 13,78% para 13,72%.

A curva americana mostrou fechamento importante nesta quarta-feira (4), após dados fracos da economia estimularem apostas numa postura mais dovish do Federal Reserve (Fed), num dia também de queda forte dos preços do petróleo.

Com o ISM de Serviços em maio entrando em terreno contracionista, e a geração de vagas na pesquisa ADP, também de maio, vindo muito abaixo da esperada, o mercado elevou a probabilidade de corte de juros em junho para perto de 30%.

O yield da T-Note de dez anos cedia mais de 10 pontos-base no fim da tarde, tocando os 4,35% nas mínimas da sessão, mas com efeito sobre as taxas locais diluído pelas preocupações com as contas públicas.

"O mercado doméstico está sentindo a falta de informações sobre as compensações ao IOF. Algumas medidas têm sido ventiladas, mas de concreto não se sabe absolutamente nada", avalia Gustavo Rostelato, economista da Armor Capital.

Em comentário a clientes, Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, afirma que o governo, que até então alegava serenidade nas contas públicas, se mostra irredutível quanto na questão do IOF, adotando agora o discurso de que as finanças públicas estão à beira do colapso.

"Ontem, após o almoço na residência presidencial, tivemos um 'não evento'. Enquanto todos aguardavam um anúncio mais objetivo e preciso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apenas trouxe incertezas", diz.

"As notícias sobre o IOF e a troca por algumas receitas extraordinárias não são boas. A parte que é permanente é burocrática, exige PEC, o que parece difícil de progredir com um governo com aprovação em queda", afirma Sanchez.

A pesquisa Genial/Quaest sobre o governo Lula, divulgada pela manhã, mostrou que a desaprovação oscilou de 56% em março para 57% em maio, recorde desde o início do governo, enquanto a aprovação foi de 41% para 40%.

Rostelato, da Armor, vê a ponta curta mais resistente por uma cautela em relação à política monetária dos próximos meses, diante das dúvidas sobre o ritmo de desaceleração da atividade.

"O mercado está receoso. Será que a atividade está mesmo arrefecendo? Galípolo tem adotado um tom mais hawkish, de vigilância", pontua.

Na gestão da dívida, a emissão de bônus de 5 e 10 anos em dólares no exterior hoje pelo Tesouro foi bem recebida pelo mercado.

O Broadcast apurou que a demanda pelos papéis está bastante forte, já superando US$ 10 bilhões, apesar da mudança de perspectiva da nota brasileira Ba1, de positiva para estável, pela Moody's, na sexta-feira (30).

Nas mesas, profissionais acreditam que o Tesouro conseguiu uma boa janela de oportunidade oferecida pelo fechamento expressivo da curva americana.

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