Dia Mundial do Rock: 5 músicas nacionais para usar como repertório no Enem
Letras afiadas e com crítica social podem ajudar a construir argumentos consistentes na redação do exame

O rock é um gênero musical presente conhecido por seu tom contestador e por dar voz às reflexões sobre política, comportamento e transformações sociais.
Muitas músicas brasileiras compostas há décadas seguem dialogando diretamente com os desafios enfrentados pelo país nos dias de hoje e podem ser usadas como repertório sociocultural na redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e outros vestibulares.
“Assim como o cinema e a literatura, a música é um excelente recurso para refletir sobre a realidade brasileira. O rock nacional tem tradição em denunciar desigualdades e debater o papel social da juventude, temas que aparecem frequentemente nos exames”, explica Luã Marins, diretor de Ensino da Inspira Rede de Educadores.
Em homenagem ao Dia Mundial do Rock, comemorado neste domingo (13), o educador selecionou cinco músicas brasileiras do gênero que podem enriquecer argumentos e reflexões na redação. Confira:
"Índios" – Legião Urbana (1986)
Escrita por Renato Russo, a música vai além do tema literal dos povos indígenas, abordando frustrações, traumas coletivos e contradições da sociedade contemporânea. “É uma canção simbólica sobre as dores de uma geração e o desencanto com o mundo adulto, que pode enriquecer reflexões sobre identidade, memória e impacto das relações sociais”, explica Luã. Com tom existencial e poético, é uma representação do pensamento da juventude brasileira nos anos 1980, que ainda encontra eco nos dias de hoje.
"Admirável Chip Novo" – Pitty (2003)
A música faz alusão à obra "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley – uma ótima sugestão de leitura para o vestibular, aliás. Ao propor uma reflexão sobre a padronização comportamental e a perda de autonomia em uma sociedade cada vez mais tecnológica, a letra pode ser usada para discutir temas como alienação, fake news, pressão estética e manipulação digital.
"Comida" – Titãs (1987)
Mais do que denunciar a fome literal, a música do grupo Titãs amplia o debate ao afirmar que as pessoas precisam de arte, cultura, educação e liberdade. “Quando a música diz que ‘a gente não quer só comida’, ela está apontando para a ideia de que o ser humano precisa de muito mais que o básico para viver com dignidade”, observa o professor. “É uma excelente referência para defender a importância do acesso à cultura e ao lazer como parte fundamental da qualidade de vida”, completa.
"Muros e Grades" – Zé Ramalho e 14 Bis (1982)
Com a frase marcante “nenhuma teoria vale essa prisão”, a canção critica as estruturas de repressão e as limitações impostas à liberdade individual. Pode ser mencionada em temas que abordam exclusão social, encarceramento em massa, opressão política e resistência civil.
"Todas as Mulheres do Mundo" – Rita Lee (1993)
A canção homenageia a pluralidade de vivências femininas e celebra a liberdade das mulheres em ser quem quiserem. Com leveza e poesia, é uma boa referência para abordar temas ligados ao feminismo, igualdade de gênero e visibilidade das mulheres na sociedade. “A música de Rita Lee reforça que não existe um único jeito de ser mulher. Ao mostrar essas tantas versões possíveis, ela aponta para o direito de cada uma existir sem ser julgada ou limitada. É uma reflexão valiosa para qualquer debate sobre igualdade de gênero”, explica Luã.