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    À CNN, Bruno Engler defende aumento do número de guardas municipais e câmeras corporais opcionais

    Candidato do PL a prefeito de Belo Horizonte falou sobre propostas para segurança pública, ampliação do ensino integral e uso de inteligência artificial no trânsito

    Aline Fernandesda CNN , São Paulo

    O deputado estadual e candidato do PL a prefeito de Belo Horizonte, Bruno Engler, defendeu o aumento do efetivo da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte e que o uso câmeras corporais pelos agentes seja opcional.

    A declaração foi feita nesta quinta-feira (17), em entrevista conduzida pelos âncoras da CNN Iuri Pitta e Débora Bergamasco, ao lado dos analistas de Política Pedro Venceslau e Renata Varandas.

    Segundo Bruno Engler, é preciso “valorizar o guarda municipal e contratar mais guardas para combater o crime”.

    Se for eleito, o candidato afirmou que o número de profissionais “vai passar de menos de 2.4 mil guardas, que a gente tem hoje, para quatro mil guardas”. Ele também mencionou a proposta de ampliar unidades específicas, como a Patrulha Maria da Penha.

    Já a respeito do uso de câmeras corporais pelos agentes, o representante do PL declarou: “A única maneira que eu vejo câmeras sendo implementadas para os nossos guardas municipais é se for no modo liga e desliga”.

    “A gente não pode partir do princípio da desconfiança para com o agente de segurança pública, que inclusive tem fé pública. E a gente sabe que a atividade policial, muitas vezes, tem momentos em que você precisa conversar com uma testemunha, que ela não quer ser filmada, porque ela não sabe para onde aquela imagem vai, ela pode achar que aquilo vai cair na mão de criminosos, que ela vai sofrer represálias. Então o operador de segurança pública, nesse caso o guarda, ele tem que ter total autonomia para desligar a câmera e até mesmo retirar a câmera para que a testemunha possa falar com maior tranquilidade e relatar o que de fato aconteceu”, justificou.

    De acordo com o candidato, o guarda que se sentir “desconfortável” poderá abrir mão da ferramenta.

    Ao ser questionado sobre a presença de criminosos infiltrados na corporação, ele disse que não se pode “punir os bons pelas ações dos maus”. “Agentes de segurança pública, na sua imensa maioria, são idôneos, são pessoas que querem servir a nossa população”, observou.

    “A gente já tem mecanismos de corregedoria, a gente já tem mecanismos de denúncia, os próprios pares podem vir à frente se identificarem em qualquer irregularidade”, completou ainda.

    Pesquisas de intenção de voto

    A respeito dos resultados das sondagens para o segundo turno, ele disse não se preocupar “tanto com a questão de pesquisas”.

    “A gente vê pesquisas que nos jogaram pra baixo ao longo de todo o primeiro turno e agora, no segundo turno, não é diferente”, afirmou.

    O candidato declarou que irá manter, nesta etapa da corrida eleitoral, a mesma estratégia utilizada anteriormente.

    Segundo Bruno Engler, a campanha vai continuar a “rodar Belo Horizonte, conversar com as pessoas, apontar os problemas da cidade, as soluções que nós temos para esses problemas, apontar as falhas da atual gestão.”

    Auditoria em contratos

    O representante do PL falou que irá “fazer um raio-x de todos os contratos da prefeitura” caso seja escolhido para o cargo.

    “Nós vamos auditar esses contratos para entender onde está indo o dinheiro do Belo Horizonte. A gente vai estancar o ralo da corrupção para sobrar dinheiro para o que realmente precisa. Saúde, educação, segurança e transporte”, disse.

    A respeito da composição da equipe de governo, ele mencionou o projeto de ter um “secretariado técnico”.

    “Nós vamos também exonerar as indicações para pagar fatura política na prefeitura e colocar um secretariado técnico para bem prestar o serviço que o belo-horizontino precisa e merece”, afirmou.

    Vacinação

    O candidato afirmou não ter sido vacinado contra o coronavírus.

    “Eu não me vacinei contra a Covid-19 seguindo a orientação da minha médica. Eu não sou médico, eu não vou contrariar quem de fato tem conhecimento”, disse.

    Ele falou que pretende fazer campanhas de conscientização para ampliar a cobertura vacinal em Belo Horizonte.

    Segundo Bruno Engler, ” a cobertura vacinal tem caído e a gente precisa olhar isso com muito cuidado, com campanhas de conscientização, de vacinação, com campanha de vacinação nas escolas para que a gente possa aumentar a cobertura vacinal como um todo e, principalmente, a vacinação infantil. É isso que nós vamos fazer. As vacinas estarão lá nas unidades de saúde para todos aqueles que queiram tomá-las, e a gente vai ter política de incentivo para que as pessoas possam estar vacinando principalmente as nossas crianças”.

    “Eu tenho a ficha de vacinação toda completa da minha infância, tomei todas as vacinas quando eu era garoto e a gente quer ampliar essa vacinação infantil, vacinas importantes que têm caído em Belo Horizonte, que eu tomei e que eu quero que todas as crianças tenham acesso”, disse.

    Ao ser questionado sobre como pretende fazer isso, afirmou: “Você pode deslocar profissionais de saúde para o ambiente escolar para conversarem com os pais, conscientizarem da importância da vacinação. Isso é algo que pode ser construído também, inclusive, com outros entes federados, com o estado, a União”.

    Zerar fila e ampliar vagas

    O candidato compartilhou a proposta que tem de zerar a fila da Educação Infantil e ampliar o número de vagas no ensino integral.

    “Primeiro, a gente tem que construir novas EMEIs [Escola Municipal de Educação Infantil]. As EMEIs são um modelo que funciona, que Belo Horizonte aprovou. E segundo, é ampliação da rede parceira. A gente tem creche que está pronta há dois anos e que falta uma assinatura do prefeito para funcionar, enquanto isso, tem criança esperando vaga”, segundo ele.

    Bruno Engler disse que “a gente precisa ampliar também as vagas no ensino integral. O ensino integral é uma ferramenta importante para a formação dos nossos alunos, é uma ferramenta importante para muitos pais e mães que precisam trabalhar o dia todo e precisam ter a tranquilidade que o seu filho está bem cuidado, seguro e bem educado no ambiente escolar”.

    “A gente quer ir aumentando gradualmente as vagas do ensino integral, e a gente sabe que não será da noite para o dia”, declarou.

    Influência de Bolsonaro

    Como em ocasiões anteriores, o candidato voltou a elogiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e agradeceu o apoio dele à campanha.

    “O meu sentimento em relação ao presidente Bolsonaro é de lealdade e gratidão”, disse.

    “Acho que o presidente fez uma campanha brilhante. A direita cresceu nos municípios, o PL cresceu enquanto partido e eu, como candidato aqui em Belo Horizonte, sou muito grato, porque [Bolsonaro] veio aqui no primeiro turno, gravou material para a gente usar na televisão, vai estar aqui conosco no sábado”, afirmou.

    Segundo Bruno Engler, “o presidente Bolsonaro nunca me pediu nada na prefeitura para me apoiar. Ele me apoia por alinhamento ideológico”.

    Com relação à governabilidade, caso seja eleito, ele disse que “não tem problema de compor com os grupos políticos que caminham conosco, desde que as pessoas tenham o currículo técnico e a moral ilibada para estar trabalhando junto à Prefeitura de Belo Horizonte”.

    Rondas escolares armadas e escolas cívico-militares

    Sobre o projeto de colocar agentes armados para fazer rondas escolares, ele disse: “Isso é uma bandeira minha que, obviamente, tem que ser conversada com os pais, com a comunidade escolar, com os professores para que tenha uma boa aceitação”.

    “Nos últimos anos, a gente começou a ver aqui no nosso país problemas que a gente só via no exterior, de pessoas adentrando o ambiente escolar para fazer covardia com os nossos alunos, com os trabalhadores da educação, e você precisa de alguém para protegê-los”, lembrou.

    Bruno Engler disse: “Se for bem-vindo, para que a gente tenha mais segurança para as nossas crianças, é uma ferramenta que a gente quer implementar”.

    Já sobre o tema das escolas cívico-militares, ele disse que o projeto para o Ensino Fundamental é viável.

    “É uma coisa que cabe no orçamento da prefeitura. O que nós vamos fazer? Nós vamos começar com o projeto piloto. A gente vai fazer uma escola, isso aí vai ser definido através de critérios técnicos, de necessidade, de melhora educacional, de vulnerabilidade social e violência”, disse.

    Ele declarou que “um ambiente com hierarquia, com disciplina” propicia o aprendizado e que o tema não é “pauta ideológica”.

    Ao ser questionado sobre a diferença salarial entre os professores da rede pública e os militares, ele afirmou que o assunto “não é uma competição”.

    “A gente vai trabalhar por uma valorização dos professores de toda rede pública, não só daqueles que trabalharem na escola cívico-militar. Mas é importante deixar claro que não é uma competição entre os militares e os professores e que o corpo docente da escola, na escola cívico-militar, ele se mantém. São os mesmos professores com o mesmo conteúdo programático. O que muda é a gestão. A gestão passa a ser feita por militares”, completou.

    Proximidade com Zema

    O candidato falou que espera o apoio do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), no segundo turno.

    “A gente está só alinhando os últimos detalhes, mas eu tenho convicção que o governador vai estar conosco. Imagino que até o final dessa semana ou até o início da semana que vem, a gente consegue”, disse.

    “O governador Romeu Zema não caminhou comigo no primeiro turno e isso não fez com que a gente se tornasse inimigo, muito pelo contrário, fiz questão de deixar isso muito bem claro em todo o primeiro turno. Tenho um relacionamento muito tranquilo com o governador, já são seis anos de convivência, ele como governador, eu como deputado estadual”, pontuou.

    Relação com Lula

    Bruno Engler disse não ser “amigo” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem concordar com a visão política dele.

    “Só que o prefeito de Belo Horizonte precisa conversar com o presidente da República, independente de quem seja. Nisso, eu me espelho muito no governador de São Paulo, o Tarcísio [de Freitas, do Republicanos]. Ninguém nega que o Tarcísio é um cara de direita, ninguém nega que o Tarcísio é um bolsonarista, mas quando ele precisa resolver os problemas do estado dele, ele se senta com o presidente da República, ele se senta com o ministro para levar as demandas do estado de São Paulo”, afirmou.

    Segundo o candidato do PL, “Lula será o presidente nos dois primeiros anos do meu governo. Nos dois últimos, a gente nem sabe. Então, assim, independente de quem estiver aqui na cidade e de quem estiver lá no Palácio do Planalto, a gente vai ter um diálogo para resolver os problemas de Belo Horizonte”.

    Transportes

    A respeito do passe-livre nos ônibus de BH, ele disse que as gratuidades atuais serão mantidas, mas “universalizar o passe-livre é algo que a gente entende que não cabe no orçamento”.

    “A gente até estuda uma possibilidade de um passe-livre aos domingos, mas tem que ver o custo disso, se não vai pesar no preço da passagem nos outros dias, ou se não geraria um subsídio para além do que a prefeitura consegue arcar”, afirmou.

    O candidato voltou a acusar o atual prefeito, Fuad Noman (PSD), de estar associado aos empresários do setor na capital mineira.

    “Eu vou fazer um contrato abrindo uma ampla concorrência para empresas de todo o país, não tenho compromisso com as empresas que aí já estão, para que possam prestar o melhor serviço ao preço mais justo”, segundo Bruno Engler.

    Ele disse ainda: “Eu vou fazer o que o [ex-prefeito] Alexandre Kalil prometeu e não teve coragem, que é abrir a caixa preta da BHTrans. Vou auditar esses contratos e, se tiver qualquer irregularidade, não tenho receio algum de suspender ou mesmo rescindir esses contratos”.

    Ao ser questionado se a medida não levaria a um aumento da passagem, atualmente em R$ 5,25, ele afirmou que “de maneira nenhuma”.

    “A gente não vai permitir que a passagem passe de R$ 6 e, no primeiro ano de governo, a gente também não vai deixar que aumente de R$ 5,25”.

    Inteligência artificial e motofaixas

    O candidato criticou o funcionamento do trânsito na capital mineira.

    “Não há um sistema organizado, uma sincronia, na gestão semafórica em BH. Aqui ainda é aquela coisa antiga, arcaica”, disse.

    Ele citou o exemplo da cidade de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo.

    “A prefeitura instala câmeras de monitoramento nas suas ruas e avenidas, passa informações para o aplicativo, o aplicativo passa informações para a prefeitura, e a partir daí, você tem um retrato do trânsito em tempo real. E a própria inteligência artificial faz a gestão semafórica, as gestões dos sinais, ou seja, os sinais começam a funcionar de maneira sincronizada, e o trânsito a fluir de maneira mais eficiente. Com esse sistema inteligente você consegue gerir o sinal de acordo com a demanda, então você pode trabalhar uma realidade de fluxo e contrafluxo”, detalhou.

    “Então, a gente tem uma demanda muito grande de gente vindo pra BH no início do dia e saindo de BH ao final do dia. Por que não fazer a gestão dos sinais de acordo com a demanda?”, questionou.

    Ele também falou da intenção de incorporar as motofaixas instaladas em São Paulo.

    “Uma outra solução que a gente vai trazer da mobilidade, que já existe aí e funciona, é a questão da motofaixa. A motofaixa foi implementada aí, tem dado resultado, reduziu o número de acidentes, aumentou a agilidade no trânsito, e a gente vai pegar esse bom exemplo que funciona da capital paulista e trazer também para a capital mineira”, disse.

    Dependência química e população de rua

    Sobre o problema do aumento de usuários de drogas e de pessoas em situação de rua em BH, ele falou que “é um processo muito complexo”.

    Ele disse que pretende fazer um mapeamento dessas pessoas para enfrentar a questão tanto pelo lado da saúde pública quanto da segurança.

    Segundo Bruno Engler, “precisa tratar esse tema através do social, entender onde é que estão essas pessoas, incentivar para que elas busquem uma internação, um tratamento”, mas também pela “ótica da segurança pública, porque infelizmente muitos desses viciados praticam crimes para sustentar o vício”.

    “A gente tem uma prefeitura, é claro que são as diferentes pastas, que tem mais de 50 mil funcionários, entre os efetivos e os comissionados. A gente tem uma Secretaria de Assistência Social que é voltada para isso e, se faltar, a gente tem que abrir concurso e contratar mais pessoas, porque é um problema que hoje aflige o belo-horizontino”, afirmou.

    O candidato do PL se declarou pessoalmente “a favor da internação compulsória”.

    “Só que prefeito nenhum pode prometer isso, porque o Supremo hoje não permite a internação compulsória. A gente tem dificuldades no âmbito do ordenamento jurídico, então, gostaria sim de fazer uma política de internação compulsória, mas não posso ser irresponsável de fazer essa promessa”, disse.

    Funcionalismo público

    Bruno Engler afirmou que pretende trabalhar pela valorização dos servidores ao mesmo tempo que promove o enxugamento da máquina pública.

    “A gente não tem nada contra valorizar e honrar os funcionários públicos. Agora, realmente, a redução do tamanho da máquina é uma coisa que a gente acredita. Então, se a gente conseguir diminuir, desinchar a máquina pública, é algo que gera menos custo para o cidadão. Evidente que não podem faltar os serviços essenciais, mas é o norte que a gente tem sim”, disse.

    “A nossa visão de um Estado menor é um Estado que atrapalha menos, mas não é cortar onde precisa. A gente precisa valorizar o profissional da educação, a gente precisa valorizar o profissional da saúde, o médico especialista para que ele queira trabalhar na prefeitura e a gente não tenha tanta demora para uma consulta especializada. A gente precisa valorizar o guarda municipal e contratar mais guardas para combater o crime, então, não são ideias divergentes. O que é essencial e necessário vai ser mantido”, de acordo com ele.

    Presença de Pablo Marçal

    Sobre um possível apoio do candidato derrotado do PRTB a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal, Bruno Engler disse: “não é uma construção que eu estou fazendo”.

    “Eu quero deixar uma coisa bem clara. Eu não conheço o Pablo Marçal, eu nunca conversei com ele, nem ao telefone. Então, assim, não é uma construção que eu estou fazendo”, declarou.

    O candidato do PL afirmou: “Se ele [Pablo Marçal] diz que apoia a nossa candidatura, a gente fica grato. A gente fica grato a qualquer um que entenda que o nosso projeto é o melhor pra Belo Horizonte”.

    “Agora, eu não tenho dúvida alguma que o grande líder da direita no Brasil tem nome e sobrenome, se chama Jair Messias Bolsonaro”, completou.

    Carnaval em BH

    Bruno Engler afirmou que “o Carnaval de BH entrou no mapa do Brasil”.

    “Hoje a gente recebe turistas de toda Minas Gerais, do Brasil inteiro. É importante para a nossa cidade, faz a economia gerar, movimenta a nossa rede hoteleira. O Carnaval tem que ser mantido e até mesmo ampliado, onde for possível”, disse.

    O representante do PL falou que pretende estabelecer “parcerias maiores com entidades privadas”, pois, de acordo com ele, “foi uma dificuldade que a gente teve no Carnaval desse ano”.

    Entrevistas com candidatos

    Bruno Engler participou da série de entrevistas promovida pela CNN com os candidatos às prefeituras no segundo turno.

    A exibição aconteceu ao vivo no CNN 360º, na TV e no canal da CNN Brasil no YouTube, a partir das 15h30.

    No primeiro turno em Belo Horizonte, Engler conseguiu 34,38% dos votos válidos (435.853 votos) contra 26,54% (336.442 votos) de Fuad Noman (PSD).

    Fuad Noman confirmou presença e será entrevistado nesta sexta-feira (18).

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