Chefe da Copa do Mundo admite morte de 400 trabalhadores em projetos relacionados ao torneio
Hassan Al-Thawadi foi questionado pelo jornalista Piers Morgan sobre as condições humanitárias para migrantes no país
O chefe da Copa do Mundo do Catar, Hassan Al-Thawadi, disse ao jornalista britânico Piers Morgan na segunda-feira (28) que entre 400 e 500 trabalhadores migrantes morreram como resultado do trabalho realizado em projetos relacionados ao torneio.
Al-Thawadi foi questionado sobre o número de mortes de trabalhadores migrantes como resultado do trabalho realizado no torneio e disse a Morgan: “A estimativa é de cerca de 400, algo entre 400 e 500.
“Não tenho o número exato, isso é algo que tem sido discutido. Uma morte é muitas mortes, pura e simplesmente.”
Al-Thawadi acrescentou: “Acho que todos os anos os padrões de saúde e segurança nos locais melhoram, pelo menos em nossos locais.
“Os locais da Copa pelos quais fomos responsáveis, definitivamente na medida em que você tem sindicatos: representantes sindicais alemães, representantes sindicais suíços elogiaram o trabalho que foi feito nos locais da Copa e a melhoria”.
Morgan questionou se os padrões de saúde e segurança eram bons o suficiente no início do projeto, e Al-Thawadi respondeu: “Acho que, no geral, a própria necessidade de reforma trabalhista determina que sim, melhorias precisam acontecer.
“Para ser claro, isso foi algo que reconhecemos antes da licitação. As melhorias que ocorreram não se devem à Copa do Mundo. São melhorias que sabíamos que tínhamos que fazer por causa de nossos próprios valores.
“A Copa do Mundo serviu como um veículo, um acelerador, um catalisador por causa da atenção que reconhecemos desde o início que viria. Suscitou muita iniciativa não só em termos de melhoria isolada, mas também em termos de aplicá-la.
“E é aí que chegamos hoje a uma posição em que nossos mais ferrenhos críticos nos consideram uma referência na região”, concluiu Al-Thawadi.
O Guardian informou no ano passado que 6.500 trabalhadores migrantes do sul da Ásia foram mortos no Catar desde que o país venceu a Copa do Mundo em 2010, a maioria dos quais envolvidos em trabalhos perigosos e mal remunerados, muitas vezes realizados em condições miseráveis.
No entanto, Al Thawadi, o homem encarregado de dirigir os preparativos do Catar, contestou esse número, dizendo a Becky Anderson, da CNN, que o número do Guardian de 6.500 era uma “manchete de tablóide” enganosa e que o relatório carecia de contexto.
Em novembro de 2022, um funcionário do governo disse à CNN que houve três mortes relacionadas ao trabalho em estádios e 37 mortes não relacionadas ao trabalho.