Canoagem: Isaquias e Jacky ficam perto do pódio, mas terminam final em quarto
Isaquias ainda disputa prova individual, com grandes chances de medalha nas Olimpíadas de 2020

Isaquias Queiroz desembarcou em Tóquio, para as Olimpíadas de 2020, com um objetivo claro: chegar a cinco medalhas e subir para o topo da lista dos maiores vencedores do país nos Jogos. Mas o que seria a quarta conquista, primeira em Tóquio, não veio na noite desta segunda-feira (no horário de Brasília), na categoria C-2 1000m da canoagem, em dupla com o estreante Jacky Godmann. Em prova muito forte, os brasileiros terminaram no quarto lugar.
Isaquias, 27, conquistou três medalhas nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, se tornando o brasileiro com mais pódios em uma única edição olímpica. Ele levou uma prata e um bronze nas provas individuais (uma delas, a corrida de 200m, foi excluída do programa para Tóquio), mais uma prata nesta disputa por duplas. Agora, ele ainda volta para a água nos próximos dias para a C-1 1000m, sua especialidade, onde buscará o ouro.
Os maiores medalhistas do esporte brasileiro são os velejadores Robert Scheidt e Torben Grael, com cinco. Isaquias ainda pode deixar os Jogos com quatro, alcançando o nadador Gustavo Borges e o líbero Serginho, do vôlei.
Prova disputada e queda do recorde
A disputa já se desenhava muito intensa nas semifinais, quando as dez duplas remaram abaixo do recorde olímpico do time alemão campeão em 1996, em Atlanta. Na primeira bateria, a marca ficou com os chineses Liu Hao e Zheng Pengfei, mas na segunda ela voltou para a Alemanha, com Tim Hecker e Sebastian Brendel. Esse último, aliás, é o atual campeão olímpico na individual e grande rival de Isaquias, que deu o nome do adversário e algoz dos Jogos do Rio para o próprio filho, o pequeno Sebastian Queiroz, nascido em Belo Horizonte em 2017.
Na canoagem, essas marcas têm muita influência do local - se água salgada ou doce, mais funda ou mais rasa, com mais ou menos vento etc. De toda forma, se os tempos podem ser relativizados, o alto nível da prova já tinha ficado claro na véspera, quando Isaquias e Jacky não conseguiram a classificação direta às semifinais. Na bateria eliminatória, China e Cuba dispararam na frente, e a canoa brasileira, no terceiro lugar, precisou passar pelas quartas de final, uma corrida a mais na intensa programação da canoagem.
Para a final, os favoritos protagonizaram uma ótima disputa, e aquele recorde olímpico de horas antes ficou rapidamente para trás. O time cubano, com Serguey Torres e Fernando Enriquez, levou o ouro com a nova melhor marca da história dos Jogos - 3:24.995. A prata ficou com a China, e o bronze com a Alemanha. O trio chegou muito próximo, colados na frente, e o time brasileiro um pouco mais atrás.
Parceiro e técnico novos
O parceiro de Isaquias há cinco anos era Erlon Silva, que com uma lesão no quadril ficou fora da competição em Tóquio. Jacky, 22, é uma revelação da canoagem brasileira e virou o novo companheiro, uma combinação que estreou apenas recentemente, em maio deste ano, na etapa da Copa do Mundo.
Falando em parceria, Isaquias, aliás, não esconde que prefere e prioriza as provas em que compete sozinho. Em depoimento publicado pelo jornal O Globo nesta segunda-feira (2), ele tratou dessa diferença. "Não sou fã de barco de equipe. Eu sempre quis fazer carreira solo. E barco de equipe é um casamento. Muitas vezes um tem mais reconhecimento que o outro e fico constrangido com isso. Tanto o Erlon, meu parceiro na última Olimpíada, quanto o Jacky e toda a nossa equipe sabem da minha opinião."

Vale lembrar também que em 2018, dois anos após as medalhas olímpicas, ele perdeu seu treinador e grande mentor, Jesús Morlán, que morreu de câncer. Lauro de Souza, que já havia sido auxiliar do espanhol, seguiu o trabalho, e já nessa nova fase Isaquias foi campeão mundial no C-1 e terceiro colocado no C-3 na edição de 2019, na Hungria.
‘Não quero sair daqui sem meu ouro’, diz Isaquias
Depois da prova, Isaquias fez elogios ao companheiro Jacky Godmann e já projetou a próxima competição nas Olimpíadas. Na quinta-feira (5), às 21h52 (horário de Brasília), ele participa da eliminatória da categoria C1 1000m e promete buscar a medalha de ouro.
“Pode parecer um discurso repetido, mas a gente sabe o quanto a gente treina. Treinamos muito e sofremos muito, todos os dias. E foi duro. Não é porque foi a primeira Olimpíada do Jacky, ele treinou muito. Eu vim representar todo cidadão brasileiro, a gente não desiste nunca. A gente chegou aqui bem. A gente sonhava muito com o pódio, então ficamos sentidos, mas demos nosso máximo. A gente fez o que tinha que fazer. Eu não quero sair daqui sem meu ouro, então vou me preparar que daqui a dois dias tem mais”, afirmou à TV Globo.
Jacky agradeceu a oportunidade recebida na seleção de canoagem velocidade, embora não tenha alcançado o pódio. “O objetivo era pegar medalha, o gosto é de derrota, mas o trabalho foi bem feito pelo treinador. Só tenho a agradecer ao Lauro e ao Isaquias e a todos da equipe”, comentou.
Técnico da seleção, Lauro de Souza Jr. elogiou os comandados e destacou o equilíbrio da prova. “Estou muito orgulhoso com o que fizeram, tivemos que trocar as duplas, trabalhamos bem e viemos competitivos. Não podemos reclamar, tivemos todo o apoio e realizamos um excelente trabalho. Nossos adversários foram melhores, mas isso não é derrota, o nível é muito alto. Tenho muito orgulho deles, não tenho o que reclamar, podia ser campeão ou sexto. Foi quarto”, afirmou.