Semana do Brasil em NYC: reputação, reformas e responsabilidade

A semana do Person of the Year, em Nova York, consolidou-se como uma das agendas mais relevantes para reposicionar o Brasil diante do mundo. Não apenas por sua simbologia diplomática, mas pelo que representa de concreto: diálogo entre quem investe, quem regula e quem governa.
Neste ano, a Esfera Brasil promoveu um jantar reservado com lideranças empresariais e autoridades americanas e brasileiras. O propósito foi claro: reforçar os laços bilaterais e aprofundar o debate sobre investimentos privados, confiança institucional e segurança jurídica.
Dwight Eisenhower costumava dizer que “plans are worthless, but planning is everything”. Em contextos voláteis, como o das economias emergentes, a advertência é especialmente valiosa. O que atrai capital não são anúncios episódicos, mas a prática consistente de projetar o futuro com responsabilidade fiscal, previsibilidade regulatória e estabilidade monetária.
Essa arquitetura institucional não se constrói com slogans, mas com coerência e persistência. É o que distingue países que inspiram confiança daqueles que permanecem reféns da incerteza.
Entre os presentes ao jantar, destacou-se a participação de Mauricio Claver-Carone, atual enviado do presidente Donald Trump para a América Latina. Com sólida atuação no diálogo hemisférico, Claver-Carone compartilhou uma análise franca sobre os gargalos que ainda inibem o apetite global por ativos brasileiros.
Sua leitura sintetiza uma percepção recorrente nos círculos de investimento: currency, crime and corruption. Moeda instável, criminalidade organizada e fragilidades no combate à corrupção seguem como zonas de atenção para quem avalia risco-país. Não se trata de obstáculos definitivos — mas de frentes sensíveis que exigem respostas consistentes e permanentes.
O Brasil não ignora seus próprios desafios. Avançamos, ainda que com a lentidão típica de democracias consolidadas, em reformas voltadas à credibilidade monetária, ao enfrentamento do crime e ao reforço dos mecanismos de integridade no setor público.
São conquistas importantes. Mas que ainda carecem de densidade, continuidade e maior senso de urgência. O mundo gira em ritmo acelerado. E o capital é sensível a cada hesitação.
A Esfera acredita na força do diálogo entre os setores produtivo e institucional. Ao reunir, em Nova York, lideranças empresariais e formuladores de políticas públicas, oferecemos mais que um encontro: um espaço de escuta estratégica e construção conjunta.
Confiar não é um gesto ingênuo. É uma escolha estratégica, que nasce da coerência institucional mantida ao longo do tempo.
Henry Kissinger, com seu olhar clínico sobre o poder e a decisão, resumiu a urgência de certos momentos com a frase: “the absence of alternatives clears the mind marvelously”.
É exatamente esse grau de lucidez que se impõe ao Brasil. A necessidade de avançar não como escolha ideológica, mas como imperativo nacional.
Nova York deixou claro que ainda somos observados. Cabe a nós demonstrar que também somos confiáveis.