Carta de aniversário para Epstein tinha a assinatura de Trump, diz jornal

Segundo reportagem publicada pelo Wall Street Journal, mensagem teria sido escrita em 2003, no 50° aniversário do financista

Da CNN
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Uma reportagem publicada pelo jornal americano Wall Street Journal na quinta-feira (17) mostrou uma coleção de cartas enviadas a Jeffrey Epstein, em 2003, quando ele comemorava seu 50° aniversário. Entre elas, um suposto bilhete com o nome do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o desenho de uma mulher nua.

A ilustração, representando os seios de uma mulher e uma assinatura “Donald”, circundava várias linhas de texto datilografado, segundo o jornal que analisou a carta. A carta concluía com a frase: “Feliz Aniversário — e que cada dia seja um segredo maravilhoso”.

Em entrevista ao WSJ na terça-feira (15), Trump negou ter escrito a carta ou feito o desenho e ameaçou processar o jornal se publicassem a matéria.

“Nunca escrevi um desenho na minha vida. Não desenho mulheres”, disse ele, segundo o veículo. “Não é minha linguagem. Não são minhas palavras”, completou.

Em resposta à história, Trump publicou no Truth Social na noite de quinta-feira que havia ordenado à procuradora-geral, Pam Bondi, “que apresentasse todo e qualquer depoimento pertinente ao Grande Júri, sujeito à aprovação do Tribunal”.

Ela respondeu rapidamente no X que estava pronta concluir a ação nesta sexta-feira (18), embora o processo para obter a aprovação dos juízes provavelmente levaria muito mais tempo.

No início da noite, Trump prometeu processar o The Wall Street Journal e Rupert Murdoch, afirmando que ele e a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, os alertaram sobre a publicação da matéria e que a carta era “falsa”.

“O presidente Trump processará o The Wall Street Journal, a NewsCorp e o Sr. Murdoch em breve”, diz a publicação no Truth Social.

O Wall Street Journal não quis comentar quando contatado pela CNN.

O vice-presidente, JD Vance, também se manifestou nas redes sociais, chamando a matéria de “uma completa besteira” em uma publicação no X.

A reportagem provavelmente alimentará ainda mais o embate sobre a condução de Trump do caso Epstein, que abalou o movimento “Make America Great Again” (Maga) e consumiu a Casa Branca por vários dias.

Na noite de quinta-feira (17), no entanto, algumas das vozes mais expressivas da direita que pressionavam por mais transparência por parte do governo saíram em defesa de Trump e questionaram a reportagem.

A ativista de ultra direita, Laura Loomer, que pediu que o governo nomeasse um procurador especial para investigar o tratamento dos arquivos de Epstein, chamou a carta de “totalmente falsa”.

“Todos que realmente CONHECEM o presidente Trump, sabem que ele não digita cartas. Ele escreve bilhetes com uma grande caneta preta”, afirmou Loomer em uma publicação na rede social X.

Outra voz influente do movimento, Charlie Kirk, postou no X: “Não é assim que Trump fala. Eu não acredito nisso.”

Sua postagem se referia à nota digitada na carta que prevê uma conversa entre Trump e Epstein sobre haver “mais na vida do que ter tudo”.

O caso Epstein

Epstein, um financista que se socializou com vários políticos e figuras poderosas, foi acusado em 2019 de tráfico sexual de menores na Flórida e em Nova York. Mais tarde, ele foi encontrado morto em sua cela enquanto aguardava julgamento.

Os legistas consideraram a morte um suicídio, mas as circunstâncias geraram uma série de teorias da conspiração.

Em um memorando na semana passada, o Departamento de Justiça afirmou que Epstein de fato cometeu suicídio e que não havia uma “lista de clientes” de Epstein, anunciando que não divulgaria mais documentos relacionados ao caso, irritando parte dos apoiadores de Trump que acreditavam que o governo tornaria públicos todos os arquivos sobre o caso.

Desde então, Trump rejeitou a reação negativa, acusando seus apoiadores de caírem em uma “farsa” ao se concentrarem no caso. Ele pediu aos republicanos que abandonassem o assunto por completo.

“O novo GOLPE deles é o que chamaremos para sempre de Farsa de Jeffrey Epstein, e meus apoiadores do PASSADO acreditaram nessa 'besteira', com tudo”, publicou Trump no Truth Social na quarta-feira (16).

Diante de crescentes apelos de seus apoiadores e membros do Congresso, Trump afirmou posteriormente que a Procuradora-Geral, Pam Bondi, poderia divulgar quaisquer arquivos “confiáveis” adicionais sobre o caso, mesmo lamentando os “republicanos estúpidos e tolos” que continuam a pressionar o assunto.

Leavitt disse na quinta-feira que Trump “não recomendaria” que um promotor especial investigasse o caso Epstein, apesar dos apelos de alguns dos aliados mais próximos do presidente para que o fizesse.

Segundo o Wall Street Journal, a carta com o nome de Trump estava incluída em um álbum de aniversário montado por Ghislaine Maxwell, uma colaboradora próxima de Epstein condenada por tráfico sexual infantil em conexão com ele.

Ela teria coletado as supostas cartas de Trump e dezenas de outras pessoas para o 50º aniversário de Epstein, informou o jornal.

O álbum posteriormente fez parte dos documentos examinados por funcionários do Departamento de Justiça que investigaram Epstein há vários anos, segundo o jornal.

Trump foi fotografado com Epstein em diversas ocasiões ao longo da década de 1990 e início dos anos 2000 e estava entre aqueles que apareceram nos registros de voo do jato particular de Epstein.

Mas o presidente afirmou que a amizade deles terminou antes de Epstein se declarar culpado, em 2008, por contratar uma menor para prostituição. Mais tarde, ele disse que eles não se falavam há cerca de 15 anos, quando Epstein foi preso novamente em 2019.

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