Congo declara fim de surto de ebola e vê lições para combater Covid-19
País teve 11 surtos da doença desde que o vírus foi descoberto perto em 1976, mais do que o dobro registrado em qualquer outro país
A República Democrática do Congo anunciou nesta quarta-feira (18) o fim de um surto de quase seis meses de ebola no oeste do país. As autoridades de saúde tentam aplicar as lições aprendidas na luta contra a Covid-19 na África.
O surto, que já infectou 130 pessoas e matou 55, emergiu em junho, semanas antes de um outro surto de ebola no leste do país chegar ao fim – este matou mais de 2,2 mil indivíduos.
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“Tenho o prazer de anunciar solenemente o fim do 11ª surto de ebola na Província Équateur”, afirmou o ministro da Saúde do país, Eteni Longondo, em uma entrevista coletiva.
Ele atribuiu o sucesso da resposta à rápida disponibilidade de vacinas e tratamentos, assim como esforços para instalar centros de tratamento próximos a comunidades locais.
Tecnologia para conservar vacinas
Os médicos vacinaram 40 mil pessoas em comunidades espalhadas por florestas tropicais que costumam sofrer com a falta de energia elétrica. Eles usaram tecnologia de cadeia fria para manter as vacinas em cerca de -80°C, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
“A tecnologia usada para manter a vacina do ebola em temperaturas super baixas será útil quando trouxerem uma vacina contra a Covid-19 para a África”, disse o diretor da OMS para África, Matshidiso Moeti
A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho informaram que estava aplicando as melhores práticas utilizadas no surto do ebola contra a Covid-19, incluindo o uso de equipes da emergência formada por voluntários locais.
Teste para sistema de saúde
Os países africanos vêm sendo poupados das piores consequências da Covid-19, com taxas de mortes e infecções relativamente baixas. Contudo, a pandemia está sendo um teste para um sistema de saúde que já é frágil.
O Congo teve 11 surtos de ebola desde que o vírus foi descoberto perto do Rio Ebola em 1976, mais do que o dobro registrado em qualquer outro país.
As florestas equatoriais da região são reservatórios naturais para o vírus, que causa vômitos e diarreias severas. Ele é transmitido através do contato com fluídos corporais.