EUA: nº de jovens adultos morando com pais supera pós-1929 e é maior da história
Classificação engloba faixa entre 18 e 29 anos. Estudo, ao comparar dados desde o início do século XX, indica crise da Covid-19 acelerando tendência

O número de jovens adultos que vivem com seus pais nos Estados Unidos atingiu um índice recorde, e a pandemia de novo coronavírus é provavelmente a principal razão para acelerar uma tendência que já aumentava. Para o estudo, a classificação de "jovens adultos" engloba pessoas de 18 a 29 anos.
Segundo um novo relatório do instituto Pew Research Center, a maioria dos jovens adultos do país - 52% - vivia com um ou ambos os pais em julho. A análise do instituto, com dados mensais do Census Bureau, observa que esse é o maior índice já registrado, levando em consideração uma contagem feita desde o início do século passado.
“Antes de 2020, o maior valor medido estava no censo de 1940, no final da Grande Depressão - a grande crise pós-quebra da Bolsa de 1929 -, quando 48% dos jovens viviam com os pais”, diz o relatório, publicado sexta-feira.
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"O pico pode ter sido maior durante o pior da Grande Depressão na década de 1930, mas não há dados para esse período", observa o estudo.
De acordo com os dados da Pew, o número de jovens adultos que vivem com os pais cresceu para 26,6 milhões em julho de 2020, um acréscimo de 2,6 milhões pessoas em relação a fevereiro, quando os Estados Unidos ainda não sentiam efeitos da crise provocada pela pandemia.
O instituto acredita que a deterioração econômica seja a principal razão para esse aumento rápido, considerando que jovens adultos foram atingidos de forma especialmente dura pela crise e têm maior probabilidade de se mudar do que outras faixas etárias.
Na faixa de pessoas entre 18 e 24 anos, o estudo mostra que a taxa de mudanças foi ainda maior.
“O número e a proporção de jovens adultos que vivem com seus pais aumentaram em todos os principais grupos raciais e étnicos, homens e mulheres, e residentes metropolitanos e rurais, bem como em todas as quatro principais regiões do censo”, diz o instituto Pew.
Especialistas do Pew destacam, ainda, outra conclusão do levantamento: quando se trata da proporção de jovens adultos que vivem com os pais, as diferenças raciais e étnicas parecem estar diminuindo.
"Nas últimas décadas, os jovens adultos brancos têm menos probabilidade de viver com os pais do que os asiáticos, negros e hispânicos", diz o relatório. "Essa lacuna diminuiu desde fevereiro, à medida que o número de jovens adultos brancos vivendo com suas mães e/ ou pais cresceu mais do que para outros grupos raciais e étnicos."
Cheryl Young, economista sênior da Zillow, diz que o aumento de jovens voltando para casa começou a impactar o mercado de aluguel.
“Essencialmente, vimos cerca de um pouco mais de 3 milhões de pessoas se mudando para as casas de seus pais ou avós, em relação ao último ano. Isso é cerca de 9%”, diz ela. “Uma grande parte da população que mudou de casa são jovens da geração Z, com entre 18 e 25 anos de idade, e até mesmo alguns millennials também”, acrescenta Young.
"No caso da geração Z em particular, eu diria que 75% desse grupo tende a pagar aluguéis. Com muitos jovens não alugando e não se mudando para outras cidades quando normalmente fariam, há muito estoque chegando ao mercado."
Veja, abaixo, quadro do Pew Reserch Center mostra taxa de jovens adultos (18-29 anos) vivendo com pais nos EUA desde 1900. "Vivendo com pais" se refere àqueles que moram pelo menos um dos pais.