Freira brasileira recebe prêmio da ONU por trabalho na proteção de refugiados e migrantes
Rosita Milesi, de 79 anos, é advogada, assistente social e ativista e foi homenageada com o prêmio Nansen, concedido pelo Alto Comissariado da ACNUR
Uma freira brasileira que ajuda refugiados e migrantes há 40 anos ganhou nesta quarta-feira (9) o prêmio Nansen, concedido anualmente pelo Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) por seu trabalho extraordinário na proteção de deslocados internos e apátridas.
A Irmã Rosita Milesi, de 79 anos, é membro da ordem católica das freiras Scalabrini, que são renomadas por seu serviço aos refugiados no mundo todo. Seus pais eram fazendeiros pobres de origem italiana no sul do Brasil, e ela se tornou freira aos 19 anos.
Como advogada, assistente social e ativista, Milesi defendeu os direitos e a dignidade de refugiados e migrantes de diferentes nacionalidades no Brasil por quatro décadas.
O Prêmio Nansen para Refugiados do ACNUR foi criado em 1954 em homenagem ao humanitário, cientista, explorador e diplomata norueguês Fridtjof Nansen. O ACNUR anunciou o prêmio em Genebra.
Milesi se junta a uma longa lista de laureados globais ilustres, incluindo a ex-primeira-dama dos EUA Eleanor Roosevelt, a primeira pessoa a receber o prêmio quando ele foi criado em 1954, a instituição de caridade Médicos Sem Fronteiras e a ex-chanceler alemã Angela Merkel.
Ela é a segunda brasileira a receber o prêmio. O ex-arcebispo de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns ganhou o prêmio em 1985.
Milesi lidera o Instituto de Migração e Direitos Humanos (IMDH) em Brasília, por meio do qual ajudou milhares de migrantes forçados e pessoas deslocadas a acessar serviços essenciais, como abrigo, saúde, educação e assistência jurídica.
Ela coordena a RedeMIR, uma rede nacional de 60 organizações que atua em todo o Brasil, inclusive em regiões remotas de fronteira, para apoiar refugiados e migrantes.
Seu trabalho teve um impacto significativo no cenário jurídico do Brasil, incluindo a formulação da lei de refugiados de 1997 e da lei de migração de 2017, que consagrou proteções essenciais para pessoas deslocadas e reduziu o risco de apatridia, disse o ACNUR em um comunicado.