Ofensiva dura de Israel pode despertar mais grupos radicais em Gaza, diz professor

Em entrevista à CNN Rádio, o professor da UFPB Marcos Alan Ferreira afirmou que a violência de Israel na Faixa de Gaza pode enfraquecer o Hamas, mas ao mesmo tempo fazer emergir outros grupos capazes de fazer ataques terroristas

Da CNN Rádio
Ataque israelense em Deir Al-Balah, região central de Gaza  • REUTERS/Mohammed Fayq Abu Mostafa
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O problema quando há uso indiscriminado da violência, como Israel tem feito no conflito com o Hamas, é despertar sentimentos que possam fazer emergir outros grupos na faixa de Gaza. Esse é o alerta do professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Marcos Alan Ferreira, em entrevista à CNN Rádio.

“Dentro da faixa de Gaza, a gente tem, por exemplo, a Jihad Islâmica, que é um grupo também importante e capaz de performar ataques terroristas”, afirma.

De acordo com o professor, Israel pode enfraquecer o Hamas, mas “o extermínio total do grupo é muito difícil, porque alguns de seus líderes estão fora do território de Israel-Palestina”.

Não há uma perspectiva para o final do conflito que completa um mês na terça-feira (7), segundo o professor.

“É muito difícil prever a capacidade do Hamas, mas é possível pensar, considerando a história recente, que uma guerra urbana como a que Israel tem travado na Faixa de Gaza não costuma ser uma guerra simples”, destaca Marcos Alan Ferreira.

O estudioso citou a incursão dos Estados Unidos no Iraque e a guerra civil na Síria como exemplos de guerras urbanas que duraram meses.

“O Hamas está utilizando táticas de guerrilha dentro da sua zona urbana para tentar enfraquecer Israel, e isso pode fazer com que o conflito se estenda muito.”

Liberação dos brasileiros em Gaza

Os 34 brasileiros que aguardam repatriação na Faixa de Gaza ainda não receberam autorização para deixar o local.

A quarta lista de estrangeiros autorizados a sair rumo ao Egito foi divulgada no sábado (4), incluindo 386 cidadãos dos Estados Unidos, 112 do Reino Unido, 51 da França e 50 da Alemanha — totalizando 599 pessoas.

Para o professor da UFPB, a demora em liberar os brasileiros mostra que o “Brasil não está na lista de prioridades da diplomacia israelense”.

“O Brasil ser um país que tenta mediar o conflito, e às vezes até fazer frente à visão que Estados Unidos e Israel têm, faz com que não necessariamente a gente tenha as relações rompidas com Israel, mas é claro que gera um enfraquecimento da posição brasileira frente a uma das partes do conflito”, avalia.

Marcos Alan Ferreira diz que, ao que tudo indica nos bastidores, “o Brasil tem sido muito intenso nas conversações com o Egito e com o governo israelense para tentar liberar esses brasileiros”.

“Eu acho que o que o Brasil pôde fazer, ele tem feito, e aí o outro lado também tem que mostrar essa disposição de auxiliar e ceder aos interesses do Brasil”, finaliza.

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