Polícia e manifestantes se enfrentam em Paris após tiroteio em comunidade curda

Na sexta, um atirador matou três pessoas e feriu outras três em um ataque com possíveis fundamentos racistas no centro cultural da Rue d'Enghien, no centro de Paris

Xiaofei Xu, da CNN, em Paris
Embates acontecem na área perto da Place de la République, no coração da capital francesa, não muito longe do centro cultural curdo Ahmet-Kaya, local do tiroteio de sexta-feira  • REUTERS/Sarah Meyssonnier
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Confrontos entre manifestantes e policiais começaram no centro de Paris neste sábado (24), quando membros da comunidade curda local saíram às ruas para pedir justiça após um tiroteio mortal na última sexta-feira em um centro cultural curdo.

Imagens ao vivo da afiliada da CNN, BFMTV, bem como das agências de notícias Reuters e AFP mostram ruas danificadas e fumaça saindo de carros enquanto manifestantes entram em confronto com a polícia.

Os embates acontecem na área perto da Place de la République, no coração da capital francesa, não muito longe do centro cultural curdo Ahmet-Kaya, local do tiroteio de sexta-feira.

A CNN entrou em contato com o departamento de polícia de Paris e o centro comunitário curdo para comentar.

Na sexta, um atirador matou três pessoas e feriu outras três em um ataque com possíveis fundamentos racistas no centro cultural da Rue d'Enghien, no centro de Paris.

Todas as três vítimas que perderam a vida eram curdas, confirmou o advogado do centro à CNN.

Uma marcha no centro de Paris neste sábado, organizada após o tiroteio, foi cancelada antes do planejado pelo Conselho Democrático Curdo na França (CDKF) devido aos confrontos.

“Para evitar danos na Place de la République e pessoas feridas, nós (o CDKF) encerramos a marcha”, disse o porta-voz Berivan Firat à BFMTV neste sábado, acrescentando que a partir de agora o grupo não será mais responsabilizado pelas ações dos manifestantes.

A marcha estava originalmente programada para começar na Place de la République e havia sido autorizada pelo departamento de polícia de Paris.

As coisas ficaram violentas logo após o início da marcha com a polícia disparando gás lacrimogêneo, disse Firat à BFMTV.

Muitos manifestantes permanecem na Place de la République e na Place de la Bastille, o ponto final programado da marcha, mesmo após o cancelamento do evento. Os confrontos na Place de Bastille diminuíram desde então, com alguns carros virados de cabeça para baixo e queimados, de acordo com imagens ao vivo da BFMTV.

O chefe da polícia de Paris, Laurent Nuñez, deveria se reunir com líderes da comunidade curda às 10h, horário local, a pedido do presidente francês Emmanuel Macron e do ministro do Interior, Gérald Darmanin, informou a polícia de Paris em comunicado.

Na sexta, Darmanin disse que a França garantirá os direitos dos curdos que desejam protestar e prometeu aumentar o policiamento em torno dos locais curdos.

O suspeito do ataque, um francês de 69 anos com uma longa ficha criminal, foi preso.

Ele não fazia parte de nenhum grupo de extrema direita monitorado pela polícia, disse Darmanin a jornalistas no local. “O suspeito claramente queria descontar em estrangeiros”, acrescentou o ministro.

Embora o tiroteio não tenha sido considerado um ataque terrorista, a promotora de Paris, Laure Beccuau, disse na sexta que os investigadores não estão descartando possíveis “motivações racistas” por trás do tiroteio.

“Quando se trata de motivações racistas, é claro que esses elementos fazem parte da investigação que acaba de ser iniciada”, disse Beccuau.

O presidente francês, Macron, lamentou no Twitter o "ataque hediondo" onde "os curdos da França foram o alvo".

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