Procuradora-geral de Nova York reage a ataques de Trump: “Não serei intimidada”

Letitia James também disse que comparecimento do ex-presidente dos Estados Unidos ao tribunal é "golpe político"

Laura Dolan, da CNN
James disse que comentários de Trump eram desprovidos de fatos ou evidências  • 23/04/2022 REUTERS/Gaelen Morse
Compartilhar matéria

A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, reagiu, nesta quarta-feira (4), aos ataques que o ex-presidente Donald Trump fez contra ela nos últimos dias durante o julgamento sobre suposta fraude fiscal.

Ela também afirmou que o comparecimento do ex-presidente dos Estados Unidos ao tribunal é um “golpe político”. O empresário não era obrigado a ir à Corte, mas esteve no tribunal durante os três primeiros dias.

“Não serei intimidada. O senhor Trump não está mais aqui. O show de Donald Trump acabou. Isso nada mais foi do que um golpe político, uma parada para arrecadação de fundos”, disse James.

VÍDEO - Trump e filhos começam a ser julgados em Nova York

Ela abordou os diversos comentários feitos por Trump, afirmando que eles eram desprovidos de fatos ou evidências.

"Os comentários do senhor Trump foram ofensivos e infundados”, observou James, acrescentando que o caso foi instaurado “simplesmente porque se tratava de um caso em que indivíduos se envolveram num padrão e prática de fraude”.

Trump chamou várias vezes James, o juiz Arthur Engoron e o julgamento de “corruptos”. Ele também acusou a procuradora de atacá-lo em uma “caça às bruxas”.

Em outro momento, o ex-presidente referiu-se a James como um animal político. “Você pede dinheiro emprestado, paga e é processado por um animal político”, disse Trump na manhã desta quarta-feira.

“Os comentários infelizmente fomentaram a violência. Comentários que eu descreveria como provocação racial”, disse James.

Ela também disse estar confiante de que a justiça será feita.

Entenda o julgamento

Donald Trump, seus filhos mais velhos e executivos das Organizações Trump estão sendo julgados por suposta fraude fiscal.

No dia 26 de setembro, o juiz Arthur Engoron considerou Trump e outros réus responsáveis ​​por fraude “persistente e repetida” e afirmou que eles forneceram relatórios contábeis falsos durante cerca de uma década.

A decisão foi uma vitória significativa para a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, que abriu o processo de US$ 250 milhões (cerca de R$ 1,26 bilhão) em setembro do ano passado.

James destacou que Trump e os outros réus cometeram repetidas fraudes ao inflacionar ativos em relatórios contábeis para obter melhores condições em empréstimos e seguros imobiliários.

O juiz Engoron agora decide sobre outras seis acusações:

  • Falsificação de registros comerciais;
  • Conspiração para falsificar registros comerciais;
  • Emissão de relatórios contábeis falsos;
  • Conspiração para falsificar relatórios contábeis;
  • Fraude de seguro;
  • Conspiração para cometer fraude de seguros.

Trump inflou seu patrimônio líquido em até US$ 3,6 bilhões (cerca de R$ 18,22 bilhões) em três anos distintos, entre 2011 e 2021, de acordo com o gabinete da procuradora-geral.

Os advogados do empresário negaram as acusações, argumentando que as avaliações dos ativos são altamente subjetivas e que continuam a avaliar o que a decisão significa para o futuro da empresa.

O que está em jogo

Trump e as suas empresas poderão ser forçados a pagar quantias pesadas em indenizações pelos lucros que alegadamente obtiveram através das suas práticas comerciais fraudulentas.

Engoron irá considerar quanto os Trump e as suas empresas terão de pagar.

Espera-se que o juiz considere alegações de fraude de registros comerciais e fraude de seguros alegadas no processo em conexão com propriedades de luxo.

O processo da procuradora Letitia James também pede ao tribunal que considere proibir os Trump de atuarem como diretores de uma empresa em Nova York e que impeça a empresa de se envolver em transações comerciais por cinco anos.