Tarifa dos EUA a aço e alumínio seria “tiro no pé”, diz ministro do México

Governo mexicano afirmou que irá expor dados de balança comercial para novo secretário de Comércio de Trump

Luciana Taddeo, da CNN, Buenos Aires
Ministro da Economia do México fala sobre tarifas sobre aço e alumínio  • Reprodução
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O ministro da Economia do México, Marcelo Ebrard, afirmou nesta terça-feira (11) que a tarifa de 25% anunciada por Donald Trump, sobre as importações de aço e de alumínio, seria um “tiro no pé” e a medida é “injusta”, já que os Estados Unidos têm superávit com o país latino-americano no comércio dessas matérias-primas.

“É uma ideia ruim”, disse o ministro. “O presidente Trump fala às vezes em senso comum. Bom, acreditamos na palavra dele, senso comum. Não um tiro no pé, não destruir o que construímos nos últimos 40 anos”, expressou, afirmando que “essa tarifa não se justifica”.

As declarações foram feitas durante a coletiva diária da presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, na qual o ministro mostrou dados que expõem superávit de 6,8 bilhões de dólares dos Estados Unidos no comércio de alumínio e aço com o México em 2024, enquanto a troca dessas matérias-primas com a Austrália, com o Canadá e com a China foi deficitária.

“É injusto, de acordo com os próprios argumentos do presidente Trump, porque temos mais importação dos Estados Unidos do que exportação”, ressaltou Ebrard, que complementou: “Estariam impondo uma tarifa inusual, já que é contra um país para o qual os Estados Unidos vendem mais”.

O ministro exibiu um vídeo explicando que entre 80 e 90% do comércio automotor do governo americano é com o México e com o Canadá, e que a cadeia industrial dos veículos é integrada.

O exemplo é dado por meio do pistão de um motor, fabricado com alumínio extraído nos EUA, fundido no Canadá, finalizado no México e ensamblado e vendido nos Estados Unidos.

“Esse pistão cruzou oito vezes as fronteiras. Imaginem se colocarem oito vezes uma tarifa, quanto vai sair o veículo no final? Não tem sentido”, ressaltou, pedindo: “Temos que cuidar dessa produção”.

O México é o terceiro maior exportador siderúrgico para os EUA, com 10,1% dos materiais vendidos para o país, atrás somente do Canadá (24,2%) e do Brasil (14,9%).

Para tentar resolver a situação, o Ebrard afirmou ter recebido instrução da presidente mexicana de dialogar com o novo secretário de Comércio americano para apresentar os dados da troca comercial.

Ele disse que o contato será feito após a ratificação do novo secretário de comércio dos EUA, Jamieson Greer, nesta semana.