Baixada Santista registra 54 mortes pela PM em meio a operações neste ano

Só pela Operação Verão, que começou em 26 de janeiro, são 31 mortes, 716 criminosos presos, incluindo 265 procurados pela Justiça

Bianca Camargo, da CNN, São Paulo
Viatura da Polícia Militar na Baixada Santista  • Paulo Pinto/Agência Brasil
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O número de pessoas mortas em decorrência de intervenção policial chegou a 54 na Baixada Santista, entre 1º de janeiro e 21 de fevereiro de 2024.

O levantamento feito pela CNN nesta quarta-feira (21) é com base nos dados de transparência do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) diz que, até o momento, apenas na Operação Verão foram 31 mortos em confrontos com a polícia, entre elas o líder de uma facção criminosa envolvida com o tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro, tribunal do crime e atentado contra agentes públicos. São 716 criminosos presos, incluindo 265 procurados pela Justiça.

A pasta ainda esclarece que as mortes "são consequência direta da reação violenta de criminosos à ação da polícia no combate ao crime organizado, que tem grande presença na Baixada Santista e já vitimou três policiais militares desde 26 de janeiro", diz a SSP.

Aumento de mortes no litoral x Assassinatos de PMs

Em 26 janeiro 2024, Polícia Militar anunciou o início de uma nova Operação Verão, na Baixada Santista, após a morte do soldado Marcelo Augusto da Silva, vítima de um latrocínio na Rodovia dos Imigrantes, próximo a Cubatão.

Nos dias seguintes, (de 26 a 31), 10 pessoas foram mortas por policiais militares na região. Chegando a 20, o número de mortes no mês de janeiro.

Já em fevereiro, outros dois PMs foram mortos durante ações. Um deles é o soldado Samuel Wesley Cosmo, integrante da Rota, morto em 2 de fevereiro. Segundo a Polícia Militar (PM), o soldado realizava um patrulhamento com uma equipe da Rota em apoio a Operação Verão na Baixada Santista quando, no bairro Bom Retiro, em Santos, foi surpreendido por um ataque de criminosos.

Na época, o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, fez um post no X para prestar solidariedade à família do soldado e afirmou que iria trabalhar para identificar e prender os autores do crime.

O Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo, Guilherme Derrite, também usou o X para informar o início de outra fase da Operação: "Estou em Santos, onde iniciamos uma operação para localizar os criminosos que covardemente balearam o Sd Cosmo, policial de Rota, durante incursão em região sob influência do crime. Daremos todo o apoio à família e não pouparemos esforços para que esse crime não fique impune".

No dia seguinte a morte do soldado, os PMs recomeçaram a operação.

Em 7 de fevereiro, mais um policial militar foi morto por criminosos em Santos. O cabo José Silveira dos Santos, do 2º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), foi alvejado por criminosos durante patrulhamento na cidade.

No mesmo dia da morte do cabo, o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, anunciou a transferência do seu gabinete para a cidade de Santos, no Litoral Sul. A pasta ficou sediada na região por 13 dias.

“O gabinete retorna para São Paulo, porém, a operação continua na Baixada Santista com mais efetivo para reforçar ações de inteligência que já culminaram em prisões importantes”, disse Derrite.

Defensoria Pública de SP apela à ONU

A Defensoria Pública de SP e outras entidades enviaram, na última quinta-feira (15), um apelo à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Alto Comissário para Direitos Humanos na América do Sul, com um documento pedindo o fim da operação. O órgão também oficiou a Secretaria de Segurança do Estado.

O documento pede pela obrigatoriedade do uso de câmeras corporais por agentes de segurança pública, apuração das mortes e adoção de medidas administrativas em relação aos envolvidos.