Ecovias admite cartel e faz acordo de R$ 638 milhões com MP de São Paulo

Empresa admitiu esquema para fraudar contratos com o governo estadual desde 1998

Roberta Russo, da CNN em São Paulo
 Vista geral da Rodovia dos Imigrantes no início de serra
Vista geral da Rodovia dos Imigrantes no início de serra  • Foto: J.F.Diorio - 1.jan.2013/Estadão Conteúdo
Compartilhar matéria

A concessionária Ecovias, que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes, firmou nesta segunda-feira (6) um acordo com o MP-SP (Ministério Público de São Paulo) em que admitiu que os processos de licitação para concessão de estradas assinados pelo governo paulista a partir de 1998 foram fraudados através de cartel. Neste período, todos os governadores foram do PSDB.

Segundo o MP-SP, a Ecovias e dezenas de empresas formaram consórcios para disputar licitações simulando a competição. A empresa vai pagar R$ 638 milhões ao estado de São Paulo.

O acordo firmado pela Ecovias é chamado de “não persecução cível”, que está regulamentado no pacote anticrime. Foi fixada uma indenização proporcional ao dano causado.

O acordo

Do valor acordado, R$ 150 milhões vão para a redução de pedágio entre 21h e 5h, beneficiando caminhoneiros que seguem trabalhando apesar da pandemia do novo coronavírus.

Outros R$ 36 milhões serão destinados para o combate ao coronavírus em São Paulo, e podem ser investidos em UTIs e testes, por exemplo. Mais R$ 2 milhões irão ao Fundo Estadual de Interesses Difuso (FID).

Os outros R$ 450 milhões serão destinados para obras, sendo a mais cara delas o boulevard da entrada da Rodovia Anchieta, no Complexo Viário Escola de Engenharia Mackenzie.

Em nota, a Ecovias afirmou que conta com amplo programa de compliance e reafirmou o compromisso com a transparência em todas as relações profissionais.

PSDB nega relação

Sobre o acordo firmado entre a Ecovias e o Ministério Público, o PSDB de São Paulo disse não ter "qualquer relação com a empresa citada ou com os fatos mencionados e tem absoluta convicção de que os atos administrativos das gestões de Mario Covas, Geraldo Alckmin e José Serra seguiram estritamente o definido por lei. Ressaltamos ainda que todas as doações feitas ao partido são devidamente registradas junto à Justiça Eleitoral, conforme determina a legislação vigente, e jamais houve qualquer contrapartida relacionada a contratos governamentais ou vantagens de qualquer natureza".