Governo federal prevê aumento nos casos de dengue para o início de 2024
Para combater a doença, Ministério da Saúde anunciou que irá reforçar os investimentos em R$ 256 milhões
A projeção do aumento de casos de dengue no início do ano em função da combinação entre calor e chuva e pelo ressurgimento recente do sorotipo 3 do vírus no Brasil levou o Ministério da Saúde a reforçar ações de vigilância sanitária com R$ 256 milhões.
As verbas serão destinadas às secretarias estaduais e municipais da saúde para compras de testes, remédios e equipamentos. Os investimentos serão focados no fortalecimento das ações de vigilância e contenção do mosquito Aedes aegypti.
O ministério também vai instalar a Sala Nacional de Arboviroses, espaço permanente para monitoramento em tempo real dos locais com maior incidência de dengue, chikungunya e zika. A ideia, segundo a pasta, é preparar o Brasil para uma alta de casos dessas doenças nos próximos meses
O centro de monitoramento irá planejar, organizar, coordenar e controlar as medidas, além de articular as medidas com gestores estaduais e municipais do SUS e divulgar a situação epidemiológica e assistência.
A estimativa preocupante das autoridades está atrelada a dois fatores: os efeitos do El Niño e as mudanças climáticas, que causam chuvas e calor acima da média, e a confirmação da circulação da dengue tipo 3 que não havia registro de casos no país há 15 anos.
Até 25 de novembro, de acordo com o governo federal, o país já havia registrado mais de 1,6 milhão de casos prováveis de dengue. O número é 22,7% maior que o identificado no mesmo período em 2022.
O tipo 3, até o momento, foi detectado nos estados de Roraima, Acre, Amapá, Paraná São Paulo e, mais recentemente, em Minas Gerais.
Na quinta-feira (30) um homem de Belo Horizonte testou positivo para a sorologia tipo 3 da dengue. Outros detalhes sobre a infecção e o estado de saúde não foram revelados.
Variantes da dengue
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a dengue tem quatro sorotipos, e a infecção por um deles cria imunidade contra o mesmo sorotipo. Porém, o indivíduo pode contrair dengue se tiver contato com um sorotipo diferente. Como poucas pessoas contraíram o tipo 3, há risco de epidemia porque há baixa imunidade contra esse sorotipo.
Entre os sintomas de alerta da doença estão: febre, manchas vermelhas pelo corpo, dor abdominal, vômito persistente, acompanhados também de sangramento na gengiva, no nariz ou na urina.
Ao perceber qualquer sintoma, a pessoa deve procurar atendimento médico na unidade de saúde mais próxima. As formas de prevenção são as já conhecidas pela população: limpeza dos quintais para evitar água empoçada, que é criadouro do inseto, e receber os agentes de saúde para fazer a vistoria em possíveis focos do mosquito Aedes aegypti.
Sorotipo 3 no Brasil
Em maio deste ano, a Fiocruz divulgou um estudo em que foi anunciada a identificação do sorotipo 3 do vírus da dengue no Brasil depois de 15 anos. Quatro casos foram notificados em Roraima, na região norte, e no Paraná, no sul do país.
“Nesse estudo, fizemos a caracterização genética dos casos de infecção pelo sorotipo 3 do vírus dengue. É um indicativo de que poderemos voltar a ter, talvez não agora, mas nos próximos meses ou anos, epidemias causadas por esse sorotipo”, explicou o virologista Felipe Naveca, chefe do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes e Negligenciados da Fiocruz Amazônia e pesquisador do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos do IOC/Fiocruz, na ocasião.
Segundo Naveca, as análises indicaram que a linhagem detectada foi introduzida nas Américas a partir da Ásia, no período entre 2018 e 2020, provavelmente no Caribe.
“A linhagem que detectamos do sorotipo 3 não é a mesma que já circulou nas Américas e causou epidemias no Brasil no começo dos anos 2000. Nossos resultados mostraram que houve uma nova introdução do genótipo III do sorotipo 3 do vírus da dengue nas Américas, proveniente da Ásia. Essa linhagem está circulando na América Central e recentemente também infectou pessoas nos Estados Unidos. Agora, identificamos que chegou ao Brasil”, relatou.
Dos quatro casos analisados, três eram referentes a casos autóctones de Roraima, ou seja, correspondem a pacientes que se infectaram no estado e não tinham histórico de viagem. Já o caso no Paraná foi importado, diagnosticado em uma pessoa vinda do Suriname.
(com informações da Agência Brasil)