Modificado, projeto para autódromo em Deodoro volta a tramitar do início no Inea
Rio segue sem circuito desde que o de Jacarepaguá foi demolido para dar lugar a Parque Olímpico

Por ter sediado os Jogos Olímpicos de 2016, o Rio de Janeiro ergueu uma série de instalações esportivas, mas perdeu um equipamento que não tem previsão de ser reposto. Com a demolição do Autódromo Internacional de Jacarepaguá para a construção do Parque Olímpico da Barra da Tijuca, o projeto de um novo circuito em Deodoro, zona oeste do Rio, recebeu uma série de críticas ambientais, foi reformulado e voltou a tramitar do início.
Com a apresentação de um novo pedido de licença prévia no Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a proposta terá que percorrer novamente todo caminho legal para que as obras possam efetivamente começar.
Em fevereiro deste ano, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, na condição de representante do município, deixou o projeto original, do qual era proponente. A medida era uma promessa de campanha do prefeito Eduardo Paes.
O projeto recebeu parecer técnico contrário do Inea e foi reprovado na Comissão de Controle Ambiental (Ceca) da Secretaria de Estado de Ambiente. A proposta passou pela pasta por envolver uma área de 160 hectares considerada parte da Floresta do Camboatá.
Ambientalistas defendem que o trecho seja transformado em área de proteção ambiental, por abrigar 14 espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção. O trecho é federal.
Há também, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), um projeto do deputado estadual Carlos Minc (PSB), ex-ministro do Meio Ambiente, que pretende integrar a área ao Parque Estadual do Gericinó-Mendanha, transformando o trecho em área de proteção ambiental.
Secretário estadual de Meio Ambiente, Thiago Pampolha afirma que outras possibilidades têm sido discutidas no estado, para a construção de um autódromo no Rio de Janeiro.
“O projeto de Deodoro voltou ao início e, agora, precisamos aguardar o andamento natural. Retornou a uma fase bem embrionária. Mas há outras movimentações pelo estado como, por exemplo, uma proposta de outro grupo de construir um autódromo em Búzios, na Região dos Lagos. Mas isso ainda não chegou ao Inea, é uma discussão. E, dependendo de onde seja, pode ser que nem chegue, porque pode não envolver supressão de vegetação, não ser em área de proteção ou conservação ambiental”, explica Pampolha.
Havia uma expectativa de que o Rio de Janeiro pudesse abrigar o Grande Prêmio brasil de Fórmula 1 a partir deste ano, porque o contrato do Liberty Media, organizador da categoria, com São Paulo, expirava em 2020.
Em outubro passado, a empresa enviou uma carta ao então governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, na qual confirmava que o acordo com o consórcio Rio Motorsports estava concluído. Nela, o CEO Chase Carey destacava que aguardava apenas a emissão das licenças ambientais por parte das autoridades responsáveis.
No mesmo período, o hexacampeão mundial da categoria, Lewis Hamilton, usou as redes sociais para criticar o projeto. Na ocasião, o piloto britânico da Mercedes disse gostar do autódromo de Interlagos, em São Paulo, e que a atitude mais sustentável seria não derrubar árvores.
Com o contrato renovado pelo governo paulista, que desembolsará R$ 20 milhões por ano para receber a prova, ela deixou de ser GP Brasil e foi rebatizado como GP de São Paulo.
Por meio de nota, o consórcio Rio Motorsport reiterou o interesse em construir um novo autódromo no Rio e destacou que ter feito mudanças em pontos apontados como problemáticos no projeto inicial.
“No novo pedido de licença, fizemos alterações para eliminar os impasses ambientais e cumprir com todas as pautas de sustentabilidade propostas pelas entidades. Também mantemos as exigências acordadas no Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Comitê Olímpico do Brasil (COB), assinado pela União Federal, Prefeitura do Rio de Janeiro e Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), que é de devolver ao Rio de Janeiro uma pista que possa abrigar as principais provas de esporte a motor do mundo, como MotoGP, F1 e Fórmula Indy, da mesma forma como era Jacarepaguá”, diz o posicionamento.
O autódromo de Jacarepaguá sediou dez edições do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, nove delas de forma consecutiva, entre 1981 e 1989, além de 1978. A última edição ocorreu em 1989, em prova vencida pelo britânico Nigel Mansell, da Ferrari.