MP-SP recorre da decisão que soltou pai de menina resgatada com desnutrição
Promotor trata caso como tentativa de homicídio; criança ficou 40 dias sem comer e está internada para ganhar peso
O Ministério Público de São Paulo recorreu da decisão que soltou o pai da menina de três anos resgatada com desnutrição em Rio Claro, no interior de São Paulo.
O promotor Cássio Sartori entendeu o caso como tentativa de homicídio, pois o preso, que não teve a identidade revelada, tinha o dever de alimentar a filha e, em consequência, evitar o resultado morte.
Ainda segundo o promotor, a situação em que a criança chegou não foi causada por falta de dinheiro, uma vez que o inventário de patrimônio deixado pela mãe do acusado aponta que ele tinha bens e recursos financeiros para alimentar a filha.
Segundo o MP, o acusado admitiu que a intenção era que tanto ele quanto a filha morressem de fome.
No recurso apresentado à Justiça, Sartori pediu a prisão preventiva do acusado e cita ações em tramitação na Vara de Família, que apontam que o pai impedia aproximações entre a menina e a avó materna. Esta, por sua vez, procurava-o com frequência para ajudar financeiramente e com alimentos.
O homem foi preso em flagrante, depois que a Guarda Municipal de Rio Claro e o Conselho Tutelar do município receberam uma denúncia de maus tratos e foram até o condomínio onde morava com a criança. Depois de passar por audiência de custódia, no último sábado (2), o pai foi liberado.
Criança teria ficado 40 dias sem comer
A menina foi encontrada desnutrida e desidratada. Ela teria ficado 40 dias sem comer. A criança recebeu o primeiro atendimento em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) na cidade e, na sequência, foi encaminhada à Santa Casa de Rio Claro, direto para a UTI.
De acordo com a médica Sâmila Batelochi Galo, que cuida da menina, a criança chegou à unidade de saúde muito debilitada, pesando 8 kg, quando o peso mínimo para a idade é de 15 kg.
Em nota, o hospital comunicou que a paciente já ganhou 2 kg e saiu da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e está na ala pediátrica.
Uma equipe multidisciplinar, formada por pediatra, nutricionista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e psicóloga, acompanha a recuperação da criança, que está recebendo uma dieta especial, com alimentação pastosa, para se recuperar. Ela também recebe soro isotônico para hidratação.
Ainda não há, no entanto, previsão de alta. A criança precisa ganhar, no mínimo, mais 5 kg para atingir o peso médio de uma criança da idade dela.
A avó materna da menina está no hospital acompanhando a recuperação e deve pedir a guarda da criança. Ela contou que a mãe da menina morreu quando ela tinha um mês de vida e o pai já estava recluso desde o início da pandemia.