“Cirurgia necessária”, diz médico sobre mulher espancada com 60 socos
Juliana Garcia será submetida a um procedimento de reconstrução facial nesta sexta-feira (1); mulher sofreu múltiplas fraturas no rosto durante uma agressão do então namorado Igor Eduardo Pereira Cabral
Juliana Garcia vai realizar, nesta sexta-feira (1), uma cirurgia de reconstrução facial, no Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A jovem foi brutalmente agredida pelo então namorado, o ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral, e sofreu mais de 60 socos no rosto, o que resultou em múltiplas fraturas.
A cirurgia, chamada osteossíntese, será conduzida por uma equipe multidisciplinar composta por cirurgiões-dentistas especializados em cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facial, anestesistas e profissionais de enfermagem. O procedimento pretende restabelecer a estética e a funcionalidade do rosto da paciente.
Juliana foi admitida na tarde desta quinta-feira (31) para os preparativos do procedimento no centro cirúrgico, sob anestesia geral. Segundo o cirurgião-dentista responsável pela operação, Kerlison Paulino de Oliveira, a paciente respondeu bem ao tratamento inicial, com redução de hematomas e edemas.
“Ela está evoluindo de forma satisfatória, com hematoma e edema em regressão, ainda com algumas dores decorrentes das fraturas em terço médio e inferior da face, porém controladas com analgésicos comuns. A paciente demonstrou tranquilidade e segurança durante a consulta ambulatorial”, relata o cirurgião-dentista.
A cirurgia incluirá a redução e fixação das fraturas com uso de miniplacas e miniparafusos, além de uma revisão nas estruturas nasais. “Trata-se de uma cirurgia necessária para reconstrução das áreas fraturadas, buscando o restabelecimento da estética e da função”, explicou Kerlison Paulino.
A previsão inicial é de que Juliana permaneça internada por dois dias, com possibilidade de ajustes conforme sua evolução clínica.
“Estamos planejando a resolução do caso em um único tempo cirúrgico, mas não podemos descartar a possibilidade de outra abordagem. A paciente está ciente”, afirmou o cirurgião. Ele reforçou ainda que a realização da cirurgia dentro do tempo adequado é essencial para evitar deformidades e sequelas.
Entenda o caso
O caso do ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral, preso preventivamente após agredir brutalmente a namorada Juliana Garcia dos Santos com mais de 60 socos em um elevador de condomínio em Natal (RN), tem gerado diversos desdobramentos após o crime.
A agressão, registrada por câmeras de segurança no último sábado (26), levou Juliana a ser socorrida com ferimentos graves e um "enorme" edema facial, que inviabiliza uma cirurgia imediata, após a redução do inchaço.
Em sua defesa inicial, Igor alegou ter sofrido uma "crise de claustrofobia" durante o incidente. Ele alegou que este surto ocorreu quando estava no elevador com Juliana, e ela lhe xingou e rasgou sua camisa.
A agressão foi flagrada pelas câmeras de segurança do elevador. Nas imagens é possível ver que o agressor, Igor Eduardo Pereira Cabral, golpeou a namorada com os punhos, causando lesões visíveis. Veja o vídeo:
Ciúmes
A Polícia Civil do Rio Grande do Norte investiga o caso como tentativa de feminicídio. A delegada responsável pela investigação apontou o ciúme como motivação para a agressão, que ocorreu após uma discussão sobre mensagens no celular de Juliana.
A vítima, temendo uma agressão em local sem câmeras no corredor, optou por permanecer no elevador, onde foi atacada. Além disso, foi revelado que Juliana já havia sido agredida anteriormente com empurrões e sofria violência psicológica grave, com Igor inclusive "incentivando-a a tomar essa atitude (suicídio)" em outras ocasiões.
Em meio à recuperação, Juliana Garcia se manifestou publicamente nas redes sociais, expressando agradecimento pelo "apoio recebido" e confirmando a autenticidade de uma "vaquinha" online organizada por amigas para custear seu tratamento. Ela destacou a delicadeza do momento: "É um momento muito delicado e eu preciso focar na minha recuperação".
Ameaças
A família de Igor Cabral, por sua vez, divulgou uma nota pública afirmando estar "consternada com o ocorrido". Eles reforçaram "que não possuem qualquer relação com o crime" e pediram para "não serem alvo de perseguições ou ameaças", declarando serem "cidadãos comuns, trabalhadores, que foram igualmente surpreendidos com os fatos".
A defesa dos familiares também alegou que um endereço divulgado como sendo de Igor é, na verdade, um local de trabalho de parentes, o que tem causado "transtornos, ameaças e constrangimentos" a pessoas sem envolvimento com o ocorrido.
*Sob supervisão de Felipe Andrade