PM suspeito de envolvimento na morte de bicheiro tem prisão decretada
Foram apreendidos quatro fuzis, um uniforme da PM, mira laser e coletes balísticos


A Justiça do Rio decretou a prisão temporária do cabo da Polícia Militar Rodrigo Silva das Neves, acusado de envolvimento na morte do contraventor Fernando Iggnácio, no último dia 10 de novembro. Neves é lotado no Batalhão do Centro do Rio. Na casa da esposa dele, em Campo Grande, Zona Oeste da cidade, foram apreendidos quatro fuzis, um uniforme da PM, mira laser e coletes balísticos. Os dois moram em casas separadas.
A perícia constatou que um dos fuzis (do tipo parafal calibre .762) foi utilizado no crime. Os investigadores aguardam agora o resultado complementar da perícia, para confirmar se outros fuzis também foram usados no crime.
“Nos primeiros momentos de perícia no local encontramos oito estojos das armas. Constatamos a dinâmica dos fatos, na qual os autores se abrigaram em um muro que ficava atrás do heliponto. Eles já sabiam a posição do veículo da vítima. Assim que a vítima se aproximava do carro, ao desembarcar do helicóptero, foi alvejado por três disparos e morreu. Os autores fugiram pelo terreno baldio que fica atrás do local e saíram pela rua dos fundos utilizando uma escada para pular o muro”, explicou o delegado titular do Departamento-Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP) da Capital Fluminense, Moysés Santanna.
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A esposa do PM está sendo ouvida neste momento na Delegacia de Homicídios da Capital. As armas e os materiais foram encontrados na casa do casal. Os investigadores também estão ouvindo testemunhas e analisando imagens de 64 câmeras de segurança, que ficam espalhadas próximas à sede da empresa de táxi-aéreo, onde o crime aconteceu, e no percurso que os criminosos fizeram até a casa do Cabo Neves.
Guerra da contravenção
Desde o fim dos anos 1990, Fernando Iggnácio, ex-genro, e Rogério Andrade, sobrinho do Castor de Andrade, travam uma guerra pelo espólio do bicheiro, que foi o chefe da contravenção do Rio de Janeiro nos anos 70.
Os dois herdeiros foram protagonistas de uma sangrenta guerra em família, e disputam o império de caça-níqueis deixado por Castor. Castor de Andrade morreu de infarto há 23 anos, em abril de 1997. Ainda em vida, ele escolheu Rogério para comandar a contravenção na Zona Oeste e em outras áreas do Estado do Rio. O filho de Castor, Paulinho, não concordou e iniciou uma batalha. Em 1998, Paulinho e um segurança foram assassinados na Barra da Tijuca, e Fernando Iggnácio assumiu o lugar na disputa com Rogério.
Errata: O texto afirmava que o material foi apreendido na casa do suspeito.