RJ: polícia mata mais em regiões com maior índice de crimes violentos, diz secretário
Estudo em conclusão pelo ISP atesta correlação entre criminalidade e letalidade policial
Em entrevista concedida à CNN, na manhã desta terça-feira (12), o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, antecipou o resultado de uma pesquisa elaborada pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Segundo ele, o estudo mostra que a letalidade policial no estado é maior em regiões onde há maiores índices de crimes contra o patrimônio praticados com violência ou grave ameaça.
Ainda segundo o secretário, o uso de arma de fogo geralmente é empregado em tais delitos. "Ou seja, se há criminosos armados atuando em determinada região, a polícia, com o intuito de manter a lei e a ordem, acaba tendo maio possibilidade de confronto", justifica ele.
Uma fórmula produzida por estudiosos do ISP foi desenvolvida para correlacionar esses índices. O estudo completo deve ser publicado no decorrer desta semana.
Em sua fala, Victor Santos frisou que "a decisão do confronto é do criminoso".
O secretário explicou ainda que as operações policias do Rio de Janeiro contam com cinco policiais para cada criminoso que é alvo da ação. Segundo ele, este seria um fator inibitório para que os criminosos iniciem confrontos.
"Muitas vezes, estão sob efeitos de drogas, e acabam não tendo essa visão e reagem atentando contra a vida do policial e, naturalmente, o policial tentando repelir essa injusta agressão acaba ferindo mortalmente o criminoso", diz.
Combate a facções
Durante a entrevista à CNN, o secretário Victor Santos afirmou que facções criminosas diferentes disputam territórios de forma muito próxima devido ao Rio de Janeiro ser muito pequeno.
"Toda vez que a gente enfraquece uma facção, o rival vê uma oportunidade de dominar esse território", explica.
Pensando em combater essas organizações criminosas, o secretário alega que a solução é complexa: "A gente não pode achar que existe uma solução simples. Nós entendemos que a repreensão financeira é interessante pra tirar o poderio financeiro dessas organizações".
Segundo Victor Santos, o estado conta com a ajuda do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para acompanhar a movimentação financeira das facções. "O tráfico viu a oportunidade de outras receitas, que não só a venda de drogas".
Outro caminho apontado é a cooperação interestadual. "Hoje nós demandamos drogas e armas de outros estados e outros países. É importante a cooperação com outros estados", alerta.
Em contrapartida, Victor Santos destaca que a atuação das facções no Rio de Janeiro não é a única preocupação da pasta. "Não é o traficante armado no morro com fuzil que acaba afetando o nosso dia a dia. Essa violência do dia a dia, furto de celular, furto e roubo de carro, isso é que preocupa o cidadão do Rio de Janeiro".
(Publicado por Bruno Laforé)