Seca extrema avança na região Norte, aponta previsão do Cemaden

Cidades com seca severa devem dobrar em dezembro, segundo o Indice Integrado de Seca (IIS)

Guilherme Gama, da CNN, São Paulo
Seca extrema afeta principais rios do bioma amazônico pelo segundo ano consecutivo
Seca extrema afeta principais rios do bioma amazônico pelo segundo ano consecutivo  • Adriano Gambarini / WWF-Brasil
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Apesar da trégua com as chuvas pelo Brasil, a seca extrema deve avançar nos estados do Acre, Amazonas e Rondônia neste mês de dezembro, de acordo a previsão do Indice Integrado de Seca (IIS) do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), adiantado à CNN.

Cerca de 25 cidades nortistas devem enfrentar níveis extremos de déficit de chuvas e umidade do solo; mais de três vezes o anteriormente previsto para o mês.

Previsão da seca para o Brasil no mês de dezembro de 2024. • Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)
Previsão da seca para o Brasil no mês de dezembro de 2024. • Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)

Em novembro deste ano, 378 municípios foram classificados em seca severa, número que deve saltar para 707 em dezembro — aumento de 87%. Ana Paula Cunha, pesquisadora do Cemaden, destaca que, para além do crescimento, cidades estão durante um longo período em déficit hídrico. "A situação em parte da Amazônia ainda é muito crítica, sobretudo no Acre, oeste da Amazonas e Rondônia, onde o deficit hidrico perdura desde o segundo semestre de 2023 e deve piorar ao longo do mês de dezembro", afirma.

Os eventos de seca de grande magnitude são registrados no Brasil desde o início do século, mas dados relevam que a frequência tem sido maior. Nos últimos dois anos, apenas a região Sul não teve um evento como esse em um dos anos.

Ocorrência dos episódios mais severos de seca. • Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)
Ocorrência dos episódios mais severos de seca. • Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)

Os dados que serão apresentados na Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, em Riad, na Arábia Saudita, mostram que na última seca que teve início em 2023, o norte de São Paulo, Triângulo Mineiro, norte de Mato Grosso, oeste do Amazonas e Acre registraram maior duração entre junho de 2023 e outubro de 2024.

Municípios do Amazonas e norte de São Paulo enfrentaram mais de um ano de déficit hídrico. Os impactos vão desde o abastecimento de água até a navegabilidade e o aumento de risco de incêndios e isolamento de comunidades.

Até esta segunda-feira (2), o governo do Amazonas destinou 293 toneladas de alimentos para 137 comunidades indígenas por meio do Comitê de Enfrentamento à Estiagem. Ao todo, mais de 13 mil famílias indígenas foram alcançadas em todo o Amazonas, o equivalente a 54 mil pessoas.