Seu Jorge presta depoimento em caso de racismo no RS

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul ouviu, no fim da tarde desta terça-feira (26), o cantor Seu Jorge, na investigação de racismo contra ele durante um show em Porto Alegre.

O artista prestou depoimento por meio de vídeo à titular da Delegacia de Combate à Intolerância, Andrea Mattos. “Ele não ouviu as ofensas racistas, até mesmo porque estava com fone e tem a questão do retorno do som ao palco. E ficou sabendo através das redes sociais”, contou a delegada, que deve ouvir os músicos da banda e membros da equipe semana que vem. Ela disse, ainda, que o cantor resolveu não voltar para o “bis” em razão das vaias altas que recebeu logo que saiu do palco.

De acordo com Andrea, oito pessoas já prestaram depoimentos. Duas contaram ter ouvido ofensas racistas contra o cantor. Outras disseram, informalmente, que testemunharam o crime, mas ainda não estiveram na delegacia.

“A gente entrou em contato com essas pessoas que também relataram [ter ouvido as ofensas racistas], mas elas estão com receio de irem até a delegacia. De qualquer forma, a gente enviou o vídeo para perícia para ver se consegue melhorar a qualidade do áudio”, explicou. O objetivo da delegada é convencer as testemunhas a comparecerem na polícia, sem precisar intimá-las.

De acordo com a investigação, Seu Jorge foi alvo de racismo durante uma apresentação no clube Grêmio Náutico União, na noite de 14 de outubro, em Porto Alegre. As ofensas teriam ocorrido logo depois que o músico saiu do palco e fez um “L” com a mão. O gesto é um sinal de apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Parte da plateia respondeu com vaias e gritos de “mito”, em referência ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta reeleição. No entanto, relatos nas redes sociais e vídeos gravados no show, apontam que algumas pessoas do público fizeram xingamento de teor racista.