Cão perde visão após intoxicação com plantas em área pet de padaria em SP

Pingo, de 1 ano e 6 meses, convulsionou pouco depois de um passeio e precisou ser internado na UTI

Thomaz Coelho, da CNN*, em São Paulo
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Um Border Collie de 1 ano e meio sofreu uma intoxicação grave e chegou a perder temporariamente a visão após visitar a área pet da padaria e restaurante Bossa Bakery, no Morumbi, zona sul de São Paulo.

O cachorro, chamado Pingo, convulsionou pouco depois do passeio e precisou ser internado na UTI veterinária por seis dias.

Convulsões e perda de visão

A tutora, Bruna Brunetta, contou à CNN que foi ao local acompanhada do namorado, de amigos e do cachorro.

Após a refeição, Pingo começou a passar mal e foi levado às pressas para o hospital veterinário, onde os médicos confirmaram a intoxicação e a perda temporária da visão.

O namorado de Bruna retornou à padaria e conversou com um dos sócios, que o encaminhou à gerente.

Pingo durante tratamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) • Arquivo pessoal
Pingo durante tratamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) • Arquivo pessoal

Ela apresentou o projeto paisagístico da área, que incluía quatro tipos de plantas que podem ser prejudiciais para a saúde dos cães:

  • Strelitzia
  • Clusia
  • Philodendron
  • Monstera

Segundo laudo veterinário, essas espécies podem causar sintomas gastroentéricos, tremores, convulsões e até formação de oxalato de cálcio.

Além disso, a tutora afirma que foi constatado o uso de veneno contra moscas nas plantas, o que pode ter agravado o quadro clínico.

A equipe veterinária descreveu que o quadro apresentado por Pingo consistia exatamente nesses sintomas gastroentéricos e neurológicos, com intoxicação sendo o principal diagnóstico.

Tratamento na UTI

Durante a internação, Pingo permaneceu inicialmente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, após estabilização, seguiu para leito de semi-intensiva.

Ele recebeu uma série de medicamentos para conter vômitos, proteger o sistema digestivo, controlar convulsões e auxiliar na recuperação geral. Exames complementares e a evolução positiva diante do tratamento reforçaram a suspeita de intoxicação.

Após seis dias, o cachorro teve alta assistida e segue em recuperação em casa, onde ficou sob monitoramento da equipe médica por algumas semanas.

Exigimos que tirassem a planta, mas foram negligentes.
Tutores de Pingo, à CNN

Os tutores enviaram mensagens e áudios ao estabelecimento exigindo a retirada das plantas, mas alegam que receberam respostas evasivas.

Diante da situação, contrataram um advogado e enviaram uma notificação extrajudicial pedindo o reembolso das despesas veterinárias e a remoção das espécies tóxicas.

A tutora também possui um laudo técnico que comprova a intoxicação e pretende entrar com ação judicial caso não haja acordo.

Cachorro Pingo, de 1 ano e meio, recuperado após intoxicação por planta em padaria • Arquivo pessoal
Cachorro Pingo, de 1 ano e meio, recuperado após intoxicação por planta em padaria • Arquivo pessoal

Veterinário explica os perigos da intoxicação

De acordo com o médico veterinário Eduardo Filetri, a intoxicação por plantas é um quadro conhecido na medicina veterinária e pode causar diferentes sintomas nos animais.

“Ele vomita, ele baba, pode ter cólica, diarreia, muita dor abdominal. Algumas [plantas] causam até hemorragia e sintomas hepáticos e intestinais”, explica.

Segundo Filetri, além dos sintomas gastrointestinais, alguns animais também podem apresentar sinais neurológicos, como as pupilas dilatadas que não reagem à luz, conhecida como midríase não fotorreativa.

O tratamento, de acordo com o especialista, depende do tempo decorrido após a ingestão da planta. “Se for até três horas, você pode fazer uma lavagem gástrica. Depois disso, muitos autores acreditam que não adianta mais. Aí entra medicação, soro, protetores hepáticos e remédios para vômito.”

O que diz a padaria?

Em nota, a Bossa Bakery lamentou o ocorrido com Pingo e afirmou que, após ser procurada, ofereceu respaldo com informações sobre as espécies plantadas no local, que segundo a empresa “não são tóxicas, porém impróprias para consumo, como grande parte das plantas do cenário urbano”.

O estabelecimento destacou que as plantas utilizadas são comuns em praças, parques e espaços públicos, e que a circulação de animais domésticos é permitida apenas na área externa.

“A entrada de pets deve ser feita pela entrada lateral. A circulação de animais é permitida apenas nas áreas externas. Mantenha seu pet sempre na coleira e sob sua supervisão. Recolha os dejetos do seu pet e informe nossa equipe para que a higienização do local seja feita corretamente. Cada tutor é responsável por seu pet, inclusive evitando que ele consuma alimentos ou produtos inadequados, ou danifique o ambiente", informou a padaria.

*Sob supervisão de AR.