'Lavajatismo' é derivativo perigoso da operação, diz jurista Lenio Streck
Para o jurista, o procurador-geral da República, Augusto Aras, agiu de maneira republicana ao criticar a força-tarefa de Curitiba

O ex-procurador e jurista Lenio Streck falou em entrevista à CNN nesta quarta-feira (29) sobre as críticas que o procurador-geral da República, Augusto Aras, fez às forças-tarefas da Operação Lava Jato durante transmissão ao vivo organizada pelo grupo Prerrogativas na terça-feira (28). Segundo ele, que integra o grupo, o Prerrogativas é composto por professores e advogados "de tudo que é tipo" e é contra o "lavajatismo".
“A Lava Jato é uma operação que ocorre como qualquer outra. Agora, o lavajatismo é um derivativo perigoso”, disse. Como exemplo, citou ocasião em que um dos procuradores teria ido à televisão e revelado que a Lava Jato havia tomado partido. Streck não citou nomes.
"Só isso já mostra o que é o lavajatismo. Por que um procurador chefe da Lava Jato, da força-tarefa, vem a público, confessa e não dá em nada? Esse é o ponto de que eles tomaram partido na eleição de 2018”, afirmou.
Na terça-feira, Aras declarou que “a hora é de corrigir os rumos para que o lavajatismo não perdure" e reprovou a atuação especialmente da força-tarefa em Curitiba, berço da operação.
Segundo o procurador-geral, a operação paranaense reúne dados pessoais de 38 mil pessoas em um arquivo mais de oito vezes maior que o arquivo geral do Ministério Público Federal (MPF).
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Diante deste cenário, para o jurista, Aras agiu de forma republicana.
Na visão de Streck, num gesto de “prestação de contas”, Aras veio a público tratar das descobertas que fez, “que eram reclamações de muitos setores da sociedade, política e jurídica”, de um Ministério Público que criou uma certa “soberania e uma ilha dentro do próprio MP”.
(Edição: Bernardo Barbosa)