Aliados dizem que Bolsonaro manterá evangélico ao STF se Mendonça for rejeitado

Sabatina do indicado pelo presidente ainda não foi agendada no Senado

Caio Junqueira, da CNN, em Brasília
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez chegar ao presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que na eventualidade de haver alguma rejeição ao nome de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal, respeitará a decisão do Senado, mas indicará outro evangélico para a vaga. A informação foi confirmada à CNN por vários senadores.

Bolsonaro tem dito a aliados que não recuará da promessa feita de indicar alguém deste segmento religioso para o STF. Alcolumbre até agora não pautou a sabatina de Mendonça sob a justificativa de que Bolsonaro ataca constantemente o Supremo e não faz sentido indicar alguém para uma corte atacada por ele e por seus apoiadores.

Interlocutores de Alcolumbre, porém, garantem que a rejeição a Mendonça se deve não a escalada da crise institucional, mas sim ao fato de Mendonça não inspirar confiança em parte dos senadores de que atuará como um garantista no STF, ou seja, alguém menos propenso a aplicar punições a réus. Grande parte do Congresso é alvo de investigações e processos no STF.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, que foi reconduzido ao cargo nesta terça-feira, seria o nome preferido de parte do Senado para a vaga da qual Mendonça foi nomeado.

A articulação política do governo no Senado calcula que apesar das resistências, Mendonça teria mais da metade dos votos na Comissão de Constituição e Justiça e também no plenário do Senado. Para tanto, Alcolumbre precisaria pautar a sabatina e a votação. A pressão nesse sentido tem-se ampliado.

Governistas avaliam duas possíveis frentes. Uma é solicitar ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que interceda diretamente a Alcolumbre para que ele paute a sabatina. Outra é elaborar um documento com assinaturas de integrantes da CCJ para que ele paute a sessão.

Procurado, Davi Alcolumbre não quis se manifestar.