Com CPMI do INSS em foco, governo anuncia orientações sobre ressarcimento

Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para apurar fraudes na instituição deve ser aberta nesta terça-feira (17); governo anuncia "live" para esclarecer dúvidas

Maria Clara Matos, da CNN, São Paulo
Fachada de prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
Fachada de prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)  • Reprodução/CNN
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A Advocacia-Geral da União (AGU) anunciou nesta terça-feira (17) que irá realizar uma transmissão ao vivo para esclarecer dúvidas sobre o processo de ressarcimento e contestação das vítimas afetadas pelos descontos não autorizados em mensalidades do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

A "live" acontecerá amanhã, na quarta-feira (18), e vai contar com as participações do advogado-geral da União, Jorge Messias, e do presidente do INSS, Gilberto Waller. O anúncio acontece no mesmo dia em que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) deve ser instaurada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

A presidência do colegiado deve ser do senador Omar Aziz (PSD-AM). Já a relatoria deve ficar com o Partido Liberal (PL).

Como noticiou a CNN, a AGU encaminhou na última segunda-feira (16) um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de procedimento conciliatório na ação em que a União pede a suspensão de todos os processos envolvendo cobrança por descontos associativos em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

“A instauração de incidente de solução negociada propiciará uma abordagem sistêmica e preventiva, apta a mitigar os impactos deletérios da judicialização massiva e da litigância predatória, assegurando a proteção dos direitos dos segurados de forma célere e eficaz, em contraposição a um litígio fragmentado e prolongado que resultaria em prejuízos para todos os envolvidos”, justifica o documento assinado pelo advogado-geral da União, Jorge Messias, e pela secretária-geral de contencioso, Isadora Maria Belem.

Descontos indevidos

Deflagrada em abril deste ano, uma operação conjunta entre a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da República (CGU) revelou que um esquema de fraude bilionário estimado em cerca de R$ 6 bilhões que surgiu a partir de descontos feitos sem autorização em contracheques de aposentados e pensionistas.

No final de maio, o advogado-geral da União confirmou que o ressarcimento dos aposentados e pensionistas lesados com descontos indevidos em mensalidades do INSS será feito com recursos da União.

“O governo federal vai pagar com recursos da União e nós vamos nos ressarcir dessas entidades a partir da venda dos bens bloqueados”, afirmou Messias durante visita à sede dos Correios, em Brasília.

Também no final do mês, o Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) se reuniu e decidiu que todos os aposentados e pensionistas que sofreram descontos indevidos devem receber o pagamento até 31 de dezembro deste ano.

Na última sexta-feira, o presidente no INSS, Gilberto Waller, afirmou que valores do ressarcimento referente as fraudes devem somar R$ 2,12 bilhões.

O valor é referente aos pedidos de reembolso feitos por cidadãos afetados. Ainda no STF, tramita uma ação encabeçada pela AGU para que a Corte suspenda todas as decisões judiciais que vêm condenando o INSS à restituição dos descontos, além da suspensão da prescrição dessas ações.

De acordo com a União, as demandas “compartilham um inegável quadro de controvérsias constitucionais comuns, que decorrem dos empecilhos encontrados para a restituição adequada” e que “por imperativos de racionalidade processual, delas devem tramitar sob supervisão unificada”.