Com indicação de Dino, Lula testa “limite” da base no Senado
Para interlocutores, indicação será um teste para ver o real tamanho da oposição "dura" e da oposição "suscetível" a negociações


A análise da indicação de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF) dará ao governo o tamanho exato de sua base aliada e da oposição no Senado, afirmam interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na leitura de fontes que têm conversado com Lula sobre esse assunto, a indicação de Dino testaria o “limite” da capacidade de negociação do governo com diversos senadores. Muitos oposicionistas descartam completamente apoiar o nome do atual ministro da Justiça.
Para esses interlocutores, será um teste para ver o real tamanho da oposição “dura” e da oposição “suscetível” a negociações. Lula sabe, segundo pessoas próximas, que poucos temas polarizam tanto hoje o Senado quanto a indicação de Dino.
O presidente, por outro lado, fez a indicação de Dino após ter recebido garantias de presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Davi Alcolumbre (União-AP), de que ela seria pautada em comissão e em plenário ainda neste ano.
Segundo interlocutores, Lula não enviaria o nome de Dino se não tivesse certo de que tem os votos suficientes para aprovação no Senado.
Um dos fiadores da aprovação de Dino é o próprio Alcolumbre. Ele é padrinho político do ministro das Comunicações, Juscelino Filho. Mesmo sendo alvo de investigações sobre o uso irregular de emendas parlamentares, Juscelino tem sido mantido no cargo por Lula. Portanto, agora teria chegado a hora de Alcolumbre retribuir, empenhando-se por Dino.
A oposição, por sua vez, promete fazer barulho contra Dino e já faz cálculos de quantos votos tem para barrar o atual ministro da Justiça. São necessários 41 votos – maioria absoluta dos 81 senadores – para ser aprovado.
Pelas contas de oposicionistas, há pelo menos 30 votos garantidos contra a indicação de Dino para a Corte. Com esforço, avaliam ter espaço para conseguir mais alguns votos. A pressão, contudo, pode ajudar aumentar o poder de barganha de senadores do Centrão com o governo.