Congresso avalia que Barroso terá desafio parecido ao de Toffoli

Para líderes partidários, caberá ao novo presidente da Suprema Corte tentar criar um canal permanente de diálogo entre os três poderes

Gustavo Uribe e Tainá Falcão, da CNN, em Brasília
O ministro Luís Roberto Barroso, durante sessão do STF - 26.ago.2021
O ministro Luís Roberto Barroso, durante sessão do STF  • Nelson Jr./SCO/STF
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Roberto Barroso, que assume a presidência da Corte na tarde desta quinta-feira (28), terá um desafio parecido ao do ministro José Dias Toffoli à frente do Poder Judiciário.

Na avaliação de líderes partidários, diante do tensionamento na relação entre Judiciário e Legislativo, caberá a Barroso criar um canal permanente de diálogo para arrefecer o cenário atual.

Veja: Análise: A briga entre poderes na questão do Marco Temporal

Nas últimas semanas, o Congresso Nacional tem questionado decisões da Suprema Corte, como sobre o marco temporal e a descriminalização do aborto, e cogitado aprovar uma medida limitando a atuação do STF.

Segundo deputados e senadores, Barroso já tem atuado na tentativa de desensinar o clima e procurado lideranças partidárias para sinalizar que está aberto ao diálogo.

Os líderes partidários comparam o atual ao momento ao de Toffoli à frente da Suprema Corte. Com a eleição de Jair Bolsonaro, coube ao ministro criar uma rotina de reuniões entre os chefes dos Três Poderes.

A iniciativa de Toffoli foi essencial no início do mandato de Bolsonaro para evitar a eclosão de crises institucionais. Toffoli se tornou, aliás, um dos únicos ministros da Suprema Corte que contavam com a confiança de Bolsonaro.

No Palácio do Planalto, a expectativa é de que a gestão de Barroso seja mais acessível e midiática. O novo presidente é conhecido por ter uma postura de diálogo com a imprensa e com a sociedade.

O perfil é o oposto de Rosa Weber, que é resistente a entrevistas e tinha como objetivo tirar a Suprema Corte dos holofotes em um momento de críticas ao protagonismo do Poder Judiciário.

Recentemente, Lula jantou com Barroso em um esforço de aproximação. O entorno do petista observa, no entanto, que diferentemente de Weber, Barroso é mais sensível à opinião pública, podendo ceder com mais facilidade a pressões.