Congresso deve separar política e Forças Armadas, diz ex-ministro da Defesa
Em entrevista à CNN, Raul Jungmann falou sobre o cenário político no Brasil para 2022
Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (22), o ex-ministro da Defesa, Raul Jungmann, falou sobre a participação das Forças Armadas na política e afirmou que cabe ao Congresso Nacional regulamentar a relação entre militares e o governo.
"Na raiz disso tudo está a ausência de responsabilidade do Congresso Nacional em regulamentar a presença de militares, sobretudo da ativa, no governo. Isso é central e tem que ser cobrado ao Congresso Nacional. Não é possível que essa promiscuidade entre forças armadas, que são instituições de estado, e militares, que são agentes de estado, com governo e com a política. Isso, na verdade tem que acabar, e cabe ao Congresso de fato regulamentar isso", disse Jungmann.
O ex-ministro da Defesa afirmou estar "preocupado" com o cenário político de 2022 no Brasil, e comentou sobre a participação das Forças Armadas no atual governo.
"Evidentemente estou preocupado com o quadro de 2022 e tenho feito alertas a esse respeito. Não espero e não acho que as Forças Armadas vão entrar em qualquer aventura golpista ou rasgar a Constituição, mas tenho a preocupação, porque o presidente da República tem enfatizado que não aceitaria possíveis fraudes do sistema eleitoral, então ele está atacando o que é a base da vontade popular, que se expressa através do voto".
Sobre a relação entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e as Forças Armadas, Raul Jungmann afirma haver um "constrangimento" para que os militares apoiem o presidente.
"Ele tem falado em armar o povo para que não tenham ameaças nem interna e nem externa, e, ao mesmo tempo, ele vem fazendo um bullying, vem constrangendo as Forças Armadas para que elas apoiem as suas ameaças e os constrangimentos dos demais poderes. Então sim, me preocupo com o cenário de 2022 e tenho conversado com os presidentes dos poderes para tomarem medidas, para evitar que esses conflitos venham a acontecer", afirmou o ex-ministro da Defesa.
Raul Jungmann defende que haja um diálogo entre governos e militares, e que "cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) ensejar que isso venha a acontecer".
