CPI das Americanas quer ouvir auditorias PwC e KPMG sobre fraude na varejista

Empresas de auditorias teriam sido coniventes com alterações contábeis nos balanços, segundo CEO das Americanas

Marcos Amorozo, da CNN, Brasília
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Logo da Americanas  • Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
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Na próxima terça-feira (4), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as fraudes contábeis da Americanas agendou depoimento dos representantes de empresas de auditoria que podem ter ajudado nas irregularidades.

A acusação foi feita pelo atual CEO das Americanas, Leonardo Coelho Pereira, em depoimento à CPI no último dia 13.

Carla Bellangero, sócia de auditoria da KPMG no Brasil, e Fábio Cajazeira Mendes, líder de auditoria da PricewaterhouseCoopers Auditores Independentes Ltda. (PwC), são esperados para falar à CPI na Câmara dos Deputados, às 15h.

Eles foram convidados para a audiência pública, não sendo ouvidos, portanto, como investigados ou testemunhas.

Na ocasião do depoimento, Pereira disse que a KPMG, responsável pela auditoria das contas da empresa, aceitou a alteração de cartas de controle feita a pedido da diretoria da Americanas.

O CEO declarou ainda que um relatório inicial da KPMG de 2017 que apontava “deficiências significativas nos balanços da empresa” não foi divulgado e foi substituído por uma carta de "recomendações que merecem atenção da Administração", sem apontar as deficiências identificadas anteriormente.

O CEO da Americanas também apresentou uma carta da PwC com os antigos diretores da varejista que “dá indícios de que a PwC estava indicando como escrever o texto onde o tema risco sacado não ficasse claro.”

Após as acusações de Pereira à CPI, as auditorias se limitaram em explicar, por meio de nota, que estão proibidas de comentar casos de clientes por conta de cláusulas de sigilo nos contratos.

A KGPM fez a auditoria das Americanas entre 2016 e 2018. Já a PwC, foi contratada pela varejista, em 2019, e aprovou integralmente os últimos balanços.

Também são esperados, na mesma terça-feira, tomadas de depoimentos do ex-diretor executivo da Americanas Miguel Gutierrez e o ex-diretor financeiro e de relações com investidores da empresa Fábio da Silva Abrate.

Entretanto, a presença de ambos ainda não foi confirmada.

No mesmo dia da audiência pública, a CPI também vota 13 requerimentos para a convocação de pessoas e documentos.

Entre os nomes a serem votados estão Camille Loyo Faria, nova diretora financeira e de relações com investidores da Americanas, e Marcio Cruz, ex-presidente da B2W e ex- CEO da Americanas digital.

Entre os documentos requeridos, estão as cópias das investigações da Companhia de Valores Mobiliários (CVM) contra Americanas, as auditorias realizadas pela varejista nos últimos 10 anos e os procedimentos adotados pela Bolsa de Valores para evitar a ocorrência de novas fraudes contábeis, semelhantes à do grupo Americanas.