Governadores temem reação do STF se cederem cargo a Eduardo Bolsonaro

Movimento para salvar o mandato do deputado federal tem sido articulado por aliados do ex-presidente

Leandro Magalhães e Julliana Lopes, da CNN, São Paulo
Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado federal  • Reprodução/CNN
Compartilhar matéria

Governadores aliados do bolsonarismo têm afastado a ideia de nomear o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como secretário estadual.

A CNN apurou que, nos últimos dias, a manobra foi articulada por representantes das gestões de Cláudio Castro, no Rio de Janeiro, Tarcísio de Freitas, em São Paulo e Jorginho Melo, em Santa Catarina.

As condições para que isso aconteça são consideradas delicadas.

A articulação considera que, ao assumir um cargo estadual, Eduardo poderia se licenciar do mandato por tempo indeterminado, sem necessidade de justificar ausências no Congresso Nacional.

A medida está prevista no artigo 56 da Constituição, que permite o afastamento de parlamentares para o exercício de cargos no Executivo estadual ou federal.

No entanto, para articuladores dos três estados, a avaliação é que a manobra poderia comprometer politicamente os governadores. Os gestores estão sendo cobrados pelos setores produtivos que serão impactados, a partir de agosto, pelo tarifaço anunciado por Donald Trump.

O entendimento é que, neste momento, o aceno ao filho do ex-presidente poderia sair caro aos políticos a ponto de afetar as articulações em andamento para as eleições de 2026.

Além disso, governadores querem evitar entrar em rota de colisão com o Supremo Tribunal Federal. Nos últimos dias, destacam as fontes, Eduardo escalou os ataques ao judiciário.

O receio é que a nomeação seja revertida pelo STF ou que os governadores fiquem na mira de Alexandre de Moraes. O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), pediu ao ministro Alexandre de Moraes que conceda uma medida cautelar preventiva para evitar que o deputado assuma cargo comissionado.

O pedido foi feito na última terça-feira (22).

Nos bastidores, articuladores ponderam e afirmam que a ideia poderia prosperar diante de um pedido feito diretamente por Jair Bolsonaro. O movimento ainda não ocorreu.