Justiça do RJ manda soltar Eduardo Fauzi, suspeito de ataque ao Porta dos Fundos

Fauzi é suspeito de integrar um grupo que jogou coquetéis molotov na fachada da produtora Porta dos Fundos, em Botafogo, no Rio de Janeiro, em dezembro de 2019

Cleber Rodrigues, da CNN, Rio de Janeiro
Fachada do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
Fachada do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro  • Divulgação
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A justiça do Rio de Janeiro concedeu liberdade a Eduardo Fauzi, suspeito de ataque ao Porta dos Fundos em 2019. A decisão foi tomada na terça-feira (13), durante uma audiência de instrução e julgamento.

Na decisão, a juíza Daniella Alvarez Prado, da 35ª Vara Criminal, atendeu ao pedido da defesa para revogar a prisão preventiva por excesso de prazo. Os advogados também alegaram que Fauzi é réu primário e tem residência fixa.

Apesar da concessão do alvará de soltura, a justiça fluminense determinou algumas medidas cautelares, como a entrega do passaporte.

"Defiro a liberdade provisória do acusado, mediante a entrega de passaporte em Juízo, termo de compromisso de comparecimento mensal ao Juízo, bem como determino que o acusado não se ausente da Comarca por prazo superior a 15 (quinze) dias, sem prévia comunicação ao Juízo, devendo informar eventual mudança de endereço, sob pena de revogação", consta na decisão.

 

Em março deste ano, o Ministério Público do Rio de Janeiro mudou a denúncia contra o economista de 41 anos, acusado de atentado contra a sede da produtora Porta dos Fundos, em 24 em dezembro de 2019.

Conforme entendimento dos promotores, o crime de Fauzi — detido desde 4 de março no Presídio José Frederico Marques, no Rio de Janeiro — deveria passar de tentativa de homicídio para o de provocar incêndio, bem mais leve com pena de até seis anos de reclusão. Pelo crime de tentativa de homicídio a condenação pode chegar até 30 anos.

Em nota, a defesa de Fauzi afirmou que ele é inocente das acusações e que foi vítima de perseguição no caso.

"A defesa se mostra satisfeita, em parte, pois, após a audiência de instrução e julgamento de ontem (dia 13 de setembro de 2022), o senhor Eduardo Fauzi ganhou voz, e pode comprovar que jamais participou do evento incendiário junto a produtora porta dos fundos, e que, para a defesa, ficou evidenciada a perseguição", disse o advogado Dhiego Caldeira.

A CNN Brasil solicitou nota da produtora Porta dos Fundos e da Polícia Civil do Rio de Janeiro e aguarda um posicionamento.

O atentado

De acordo com investigação da Polícia Civil sobre o caso, cinco dias após o ataque contra a produtora Portas dos Fundos, Fauzi foi identificado por câmeras de segurança como um dos responsáveis por atirar coquetéis molotov (artefato explosivo feito com uma garrafa com gasolina e um pavio aceso) na fachada da produtora, em Botafogo, Zona Sul do Rio.

A ação seria uma represália ao especial natalino da produtora que retratou Jesus como gay. O segurança da produtora trabalhava no local no momento do ataque. Ele conseguiu conter as chamas e fugiu sem se ferir.
Cinco dias depois, a identificação de Fauzi foi obtida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro e ele teve prisão decretada, mas já havia fugido para a Rússia.

Após o ataque à produtora, a polícia apreendeu, na casa de Fauzi e em outros dois endereços ligados a ele, R$119 mil, duas armas de brinquedo, facas, e uma camisa de uma associação que se diz nacionalista.

A Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) emitiu uma ordem de captura. Fauzi foi detido pela Interpol em Moscou em setembro de 2020, onde permaneceu até a Justiça russa autorizar sua extradição, em janeiro desse ano.

O economista chegou ao Brasil dia 3 de março e veio escoltado por policiais federais em um voo do Aeroporto Internacional de Vnukovo, em Moscou, até o Rio.

*Nota da defesa na íntegra: *

“A defesa se mostra satisfeita, em parte, pois, após a audiência de instrução e julgamento de ontem (dia 13 de setembro de 2022), o senhor Eduardo Fauzi ganhou voz, e pode comprovar que jamais participou do evento incendiário junto a produtora porta dos fundos, e que, para a defesa, ficou evidenciada a perseguição de alguns policiais da décima delegacia de polícia, em especial, do delegado titular, a época do inquérito, a saber, o senhor MARCOS AURÉLIO, que, sem nenhuma comprovação, indiciou o senhor EDUARDO, apenas por passar no local próximo ao evento danoso, sem nenhuma prova que consubstanciasse suas alegações. Fica nítida também a ausência de interesse das demais testemunhas, o que culminou com a decisão judicial proferida acerca do excesso de prazo, considerando que, ontem, foi a segunda audiência em que as testemunhas não compareceram para depor, mesmo tendo sido devidamente intimadas”.