Mauro Vieira diz que Brasil pretende manter relações com a Venezuela

No entanto, o ministro das Relações Exteriores falou em redução “inevitável” do dinamismo do relacionamento bilateral entre os dois países

Da CNN, Brasília
Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do Brasil, durante fala no Conselho de Segurança da ONU
Ao falar sobre relações com a Venezuela, Mauro Vieira diz obedecer três princípios: a defesa da democracia, a não ingerência em assuntos internos e a resolução pacífica de controvérsias  • Reuters
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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, declarou nesta quarta-feira (13) que o Brasil não irá romper relações com a Venezuela, mesmo com atrito recente entre os dois países.

“Ainda que as circunstâncias imponham uma inevitável redução do dinamismo do relacionamento bilateral, isso não significa de forma alguma que o Brasil deva romper relações ou algo dessa natureza com a Venezuela. Pelo contrário, diálogo e negociação, e não isolamento, são as chaves para a construção de qualquer solução pacífica e duradoura na Venezuela”, disse Vieira ao participar de sessão na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

De acordo com o ministro, a posição do Brasil sobre o país vizinho obedece a três princípios: a defesa da democracia, a não ingerência em assuntos internos e a resolução pacífica de controvérsias.

A comissão ouviu o ministro sobre o processo eleitoral na Venezuela. Segundo Vieira, o Brasil decidiu acompanhar as eleições venezuelanas porque a Venezuela é “nossa vizinha grande e muito importante”.

Atrito entre Brasil e Venezuela

O impasse entre os dois países começou desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou a insistir para que o governo do presidente Nicolás Maduro apresentasse os registros eleitorais que sustentariam a vitória nas eleições presidenciais de 28 de julho, declarada pelas autoridades do país.

Maduro também tem se queixado do veto imposto pelo Brasil à entrada da Venezuela como país associado ao Brics.

Chefe da assessoria especial da Presidência da República, Celso Amorim disse que autoridades venezuelanas estão “acusando injustamente” o Brasil por barrar a adesão do país vizinho aos Brics — grupo com liderança brasileira junto com Rússia, China, Índia e África do Sul.

Além disso, desde agosto, o Brasil mantém a custódia da residência do embaixador argentino em Caracas após a expulsão de seus diplomatas pelo governo Maduro. Seis colaboradores da líder da oposição María Corina Machado permanecem refugiados naquela residência argentina desde março.

Eleições venezuelanas

Em 28 de julho, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou vencedor das eleições venezuelanas o presidente Nicolás Maduro. No entanto, o órgão não divulgou resultados detalhados das eleições por centros e mesas de votação.

Maduro teve apoio de 51,2% dos eleitores que compareceram às urnas — foram 5.150.092 votos –, segundo o órgão eleitoral, que é alinhado ao presidente. O principal opositor na disputa, Edmundo González, teve 44,2% — 4.445.978 votos.

Com o resultado, Maduro será reconduzido para um novo mandato de seis anos — de janeiro de 2025 a janeiro de 2031.

A oposição contestou o resultado e afirmou que houve fraude no pleito.