Relator do Orçamento: ideia é votar recurso para piso da enfermagem antes do 1º turno

Proposta que deve ser analisada semana que vem permitiria redirecionar recursos da Covid-19 para outras despesas da área da saúde

Gabrielle Varela, Rudá Moreira, da CNN, Brasília
Após reunião com Pacheco, relator do Orçamento diz que projeto para financiar piso da enfermagem deve ser votado antes do 1º turno  • Foto: Clay Banks/Unsplash
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O relator-geral do Orçamento 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), afirmou nesta terça-feira (20) que deve ser votado antes do 1º turno das eleições o projeto visto como principal alternativa para liberar recursos para o pagamento do piso salarial a enfermeiros e técnicos de enfermagem.

Após se reunir, nesta manhã, no Palácio do Planalto com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) – que está no exercício da presidência da República devido a viagem de Jair Bolsonaro a Nova York -, Castro disse que o PLP 44/2022 pode ser votado já na semana que vem.

“Nossa ideia é de aprovar já na próxima semana, rapidamente aprovar isso antes da eleição, para dar um reforço no orçamento dos estados e municípios”, afirmou o relator-geral do orçamento.

Trata-se de um projeto de lei complementar, de autoria do senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), que permite que estados e municípios possam utilizar recursos do combate à Covid-19 para pagar outras despesas na área da saúde.

De acordo com a proposta, parte dos recursos para a cobertura dessa e de outras despesas prioritárias já existiria e viria dos montantes não gastos de transferências federais recebidas até dezembro de 2021, de quase R$ 27,7 bilhões.

Para tanto, é preciso que os entes subnacionais – estados e municípios- tenham liberdade de gestão para determinar que esses recursos recebidos possam ser realocados de um programa de trabalho ou categoria econômica para outra, dentro do mesmo órgão.

 

A proposta é uma das quatro apresentadas na segunda-feira (19) por Pacheco ao ministro da Economia, Paulo Guedes, com o objetivo de liberar espaço no orçamento para o pagamento do piso da enfermagem. E é vista pela equipe econômica como a mais viável para atender esse gasto.

O relator do orçamento também propôs um estudo aprofundado para utilizar emendas parlamentares para pagamentos de pessoal, o que tem que ser avaliado com a equipe técnica do Congresso.

“Eu trouxe a ideia e está em estudo (…) de que emendas parlamentares pudessem também ser utilizadas para pagamentos de pessoal.” “Todas as emendas parlamentares incluindo as RP9 juntam 19 bilhões de reais,” completou o senador. Segundo Castro, Pacheco foi receptivo à discussão dessa outra proposta.

O ministro do STF Luís Roberto Barroso suspendeu no início de setembro a lei que criou o piso salarial da enfermagem para avaliar melhor o impacto orçamentário da medida sobre o sistema de saúde, e deu prazo de 60 dias para retorno do Legislativo e Executivo sobre essa fonte.

“Nós estamos tomando todas essas providências, em consonância com o Supremo Tribunal Federal (STF), e que vamos viabilizar os recursos, para que o teto [de gastos] seja cumprido”, reforçou o senador.

Marcelo Castro reforçou ainda a necessidade da discussão de uma Proposta de Emenda à Constituição para permissão de criar recursos diante do teto de gastos, que é uma forma de quebrar a regra do teto.

Dessa forma geraria recursos para o piso da enfermagem e o Auxilio Brasil permanente de R$ 600, proposta defendida por presidenciáveis, que Castro estima o impacto fiscal de R$ 52 bilhões.

“Não há espaço orçamentário para isso”, frisou o relator do Orçamento. Seria necessária uma PEC para excepcionalização do Teto de Gastos. Só tem uma maneira de cumprir, furando o teto de gastos”, disse o senador.