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    Proximidade de senador com caso Yanomami pode refletir em eleição para o TCU

    Principal candidato para vaga de ministro no TCU, deputado Jhonatan de Jesus, é filho do senador que, no ano passado, apresentou projeto para liberar o garimpo em áreas indígenas

    Larissa Rodriguesda CNN , Em Brasília

    O deputado Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR), um dos principais candidatos na disputa por uma vaga ao Tribunal de Contas da União (TCU) a ser indicado pela Câmara dos Deputados, tem tentado se afastar do assunto Yanomami.

    A leitura de aliados do parlamentar é que as recentes denúncias sobre a situação desses povos indígenas podem envolver o pai de Jhonatan, senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR), e acabar refletindo no deputado e em sua tentativa de ser ministro do TCU.

    Na última semana, os Yanomami voltaram ao foco após a notícia de que quase 600 crianças morrerem e centenas foram diagnosticadas com desnutrição, malária, ou doenças que teriam relação com o impacto do garimpo ilegal. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), visitou à região, que fica em Roraima, e acusou adversários políticos de terem deixado a situação chegar a esse ponto.

    Mecias de Jesus, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), teria sido um dos parlamentares a indicar coordenadores para a Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde em 2021, quando a crise Yanomami teria se agravado. Além disso, no ano passado, o senador apresentou um projeto de lei que buscava autorizar a pesquisa e concessão de garimpo em terras indígenas.

    No projeto de lei, inclusive, Mecias chega a usar a situação dos indígenas para justificar à liberação do garimpo. “É preciso pensar uma política diferenciada para a região norte onde o garimpo que acontece em terras indígenas faz parte da realidade e da cultura da região e, muitas vezes, conta com a participação de indígenas”, afirma na justificava da matéria.

    Procurado pela CNN, o senador afirmou, em nota, que o projeto de lei tem como objetivo “pacificar a relação indígena-garimpeiro em todo o Brasil”. “Uma leitura séria do projeto desprovida de falsos julgamentos contribuirá para compreender melhor o tema e as minhas reais intenções. Diante da repercussão da crise humanitária dos Povos yanomami, adversários políticos tentam atribuir ou apontar culpados e esquecem que o tema precisa ser amplamente debatido, em momento oportuno, para encontrar meios legais de pacificação na relação indígena-garimpeiro”, completa o parlamentar.

    Na segunda-feira (23), nas redes sociais, Mecias citou ainda o atual e ex-presidentes da República. “Durante a visita do presidente Lula, nota-se diversos indígenas venezuelanos, onde a situação é ainda pior. Porém, é injusto e inaceitável imputar a culpa apenas ao Bolsonaro e criar uma narrativa, enquanto os governos Lula e Dilma [Rousseff], em 14 anos, não mudaram essa realidade. Precisamos socorrer o povo Yanomami, mas sem criar esse discurso político com teor sensacionalista e falso para fazer cena mundo afora e se esquivar de uma culpa que eles também carregam”, afirmou.

    Já o deputado Jhonatan de Jesus disse, em nota, que “esse fato não tem qualquer relação com a minha atividade parlamentar”. “Em 12 anos como deputado federal, minha atuação se baseou em defesa do meu Estado e em projetos voltados ao bem estar da população de Roraima”, disse.

    O parlamentar tem tentado conseguir apoio da bancada do PT na Câmara dos Deputados para ser escolhido enquanto ministro do Tribunal de Contas da União.

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