TCU identifica problemas de transparência e sustentabilidade financeira no Fies e Prouni

Segundo o TCU, os programas de renegociação de dívidas resultaram em uma perda de R$ 10 bilhões para os cofres públicos

Gabriel Garcia, da CNN
Fachada do prédio do Tribunal de Contas da União (TCU)
Fachada do prédio do Tribunal de Contas da União (TCU), em Brasília  • Foto: Divulgação/Flickr TCU
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O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou problemas de sustentabilidade financeira, transparência e governança nos Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e no Programa Universidade para Todos (Prouni) em um relatório de auditoria divulgado na última quarta-feira (23).

Os recursos fiscalizados totalizaram R$ 176 bilhões, sendo aproximadamente R$ 148 bilhões referentes a despesas orçamentárias liquidadas do Fies e cerca de R$ 28 bilhões relativos a renúncias tributárias do Prouni no período entre 2013 e 2022.

Os auditores entenderam, no entanto, que, diferentemente do Fies, no Prouni não se espera o retorno financeiro dos valores concedidos. O programa é operado exclusivamente por meio de renúncia fiscal e gerido pelo Ministério da Educação e Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

Segundo o TCU, a taxa de inadimplência de beneficiários do Fies atingiu 51%. Além disso, os programas de renegociação de dívidas promovidos pelo governo, que ofereceram descontos de até 99% do valor total da dívida, resultaram em uma perda aproximada de R$ 10 bilhões para os cofres públicos.

“A fragmentação e as inconsistências no processo de divulgação de dados dos programas dificultam a compreensão da complementaridade entre Fies e Prouni, comprometendo a transparência e a capacidade de tomada de decisão”, destacam os auditores.

Segundo a área técnica da Corte de Contas, a ausência de uma política nacional de educação superior resulta em programas governamentais “desconexos”.

“Verificou-se a inexistência de objetivos claros e metas específicas para processos-chave dos programas, bem como a ausência de indicadores de desempenho e de avaliações de eficácia dos programas por parte do Governo Federal”, argumentou a área técnica.

A partir do entendimento dos técnicos da Corte, o relator do caso, ministro Walton Alencar, determinou que o Governo Federal realize uma avaliação calculando os impactos orçamentários e financeiros causados pelos altos índices de inadimplência do Fies.

A CNN procurou o Ministério da Educação para pedir um posicionamento sobre a auditória do TCU, mas ainda não recebeu retorno.