Testemunha diz que Filipe Martins não voou para os EUA com Bolsonaro
André Chermont foi ouvido pelo STF nesta segunda-feira (21) como testemunha do ex-assessor para Assuntos Internacionais de Jair Bolsonaro na ação que apura um plano de golpe

O embaixador André Chermont, ex-chefe do Cerimonial da Presidência, disse, em depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta segunda-feira (21), que o ex-assessor para Assuntos Internacionais de Jair Bolsonaro (PL) Filipe Martins não teria viajado aos Estados Unidos no avião presidencial em 30 de dezembro de 2022.
Segundo Chermont, que depôs como testemunha de defesa de Martins, embora o Cerimonial mantivesse controle da lista de passageiros, o responsável pela elaboração era o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro.
O diplomata confirmou, no entanto, que acompanhou o embarque e que o ex-assessor não viajou naquela ocasião.
“Eu creio que em um momento anterior ele [Filipe Martins] chegou a fazer parte na lista, mas depois ele não estava previsto”, disse.
Chermont também afirmou que não se recordava de o setor que comandava ter sido acionado para controle da documentação do ex-assessor.
O STF ouve desde a última segunda-feira (14) as testemunhas dos réus dos núcleos 2, 3 e 4 da ação penal que apura um planejamento de golpe de Estado em 2022. As audiências das testemunhas de defesa do núcleo 2 acontecem entre os dias 15 e 21 de julho. As oitivas do núcleo 4 foram feitas nos dias 15 e 16 de julho. Enquanto as oitivas das testemunhas de defesa do núcleo 3 serão realizadas entre os dias 21 e 23.
Entenda o caso
Martins e outros acusados fazem parte do chamado "núcleo 2" da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), por participação na suposta trama golpista de 2022.
O ex-assessor é acusado de integrar o núcleo jurídico da operação, incluindo auxiliar com a criação de minutas para instituir Estado de Sítio e a aplicação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem).
Martins está em liberdade provisória depois de ter sido preso em fevereiro de 2024 na operação Tempus Veritatis.
Ele ficou detido durante seis meses no Paraná por supostamente ter deixado o Brasil no avião presidencial de Bolsonaro, rumo aos Estados Unidos, em 30 de dezembro de 2022. Ele foi preso sob o argumento da existência de "fortes indícios" de fuga.
A prisão de Martins foi revogada por Moraes em agosto do ano passado, após a apresentação de documentos da defesa alegando que ele não teria deixado o Brasil junto com Jair Bolsonaro (PL).
No entanto, desde então, o ex-assessor segue cumprindo medidas cautelares. São elas: utilizar tornozeleira eletrônica; não acessar redes sociais; se recolher em casa durante a noite; e não falar com os demais investigados do caso. Ele também é proibido de sair do país e precisou entregar seus passaportes.
*Sob supervisão de Renata Souza