Waack: A demarcação do papel de cada poder

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetou trechos da Lei do Marco Temporal, que havia sido aprovada pelo Congresso.

William Waack, da CNN, São Paulo
Grupos indígenas demonstraram preocupação com a inclusão da possibilidade de exploração comercial e mineral nas terras dos povos originários.  • CLÁUDIO REIS/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetou trechos da Lei do Marco Temporal, que havia sido aprovada pelo Congresso.

Para refrescar a memória, a lei estabelece que os indígenas só teriam direito às terras que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1998, quando foi promulgada a Constituição. Isso é o que se chama de marco temporal.

A Frente Parlamentar da Agropecuária reagiu imediatamente e disse que o Congresso vai derrubar os vetos anunciados hoje por Lula.

Essa disputa envolve não só o Executivo e o Legislativo, mas também o Judiciário. E vai muito, muito além da questão em si do marco temporal, que já é bastante espinhosa.

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu a favor do marco temporal, o Congresso aprovou uma lei contrária, e Lula agora acompanha o STF, contra o Congresso.

Ocorre que o Congresso e o STF estão em meio a uma séria disputa sobre o papel político do STF, que um número representativo de parlamentares acusa de extrapolar e interferir nos poderes Executivo e Legislativo. O marco temporal é um dos exemplos citados pelo Congresso que, por sua vez, quer aprovar freios ao STF.

A questão, portanto, não é "apenas" a demarcação de terras indígenas, mas a demarcação do papel de cada poder. E não se sabe como vai ficar tanto uma quanto outra.