Terra recebe 5,2 mil toneladas de poeira extraterrestre todo ano, diz estudo

Pesquisa aponta que uma quantidade de poeira cósmica que daria para encher 520 caçambas chega à Terra todos os anos

Raphael Coraccini, da CNN, em São Paulo
Visão da Terra do espaço (05.abr.2021)
As partículas extraterrestres estudadas para se chegar ao número absoluto foram encontradas na estação franco-italiana Concordia, na Antártica  • Foto: Reprodução/CNN
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Para recolher toda a poeira cósmica que chega à Terra todos os anos, seria necessário algo como 520 caçambas daquelas que são usadas na construção civil. A quantidade de poeira espacial que invade a superfície terrestre foi medida por um novo estudo desenvolvido por cientistas da
Universidade Paris-Sacley, na França.

Segundo os dados reunidos recentemente, a Terra recebe 5,2 mil toneladas de detritos minúsculos que chegam do espaço todos os anos. Desse montante, 1, 6 mil toneladas são de micrometeoritos e outras 3,6 mil toneladas de esférulas cósmicas, que são partículas microscópicas de rocha espacial que variam de tamanho e formato.

Esse valor refere-se apenas ao que é depositado na superfície da Terra. Indo um pouco mais para cima, na órbita do planeta, é possível encontrar quase o triplo dessa poeira cósmica batendo às portas da nossa atmosfera. Estima-se que 15 mil toneladas de poeira cósmica cheguem à entrada da Terra, mas apenas 5 mil toneladas conseguem penetrar.

As partículas extraterrestres estudadas para se chegar ao número absoluto foram encontradas na estação franco-italiana Concordia, na Antártica. O local é bastante propício para estudar a quantidade e a qualidade da poeira cósmica por conta da “baixa taxa de acúmulo de neve” e também pela “quase ausência de poeira terrestre”, segundo o estudo. Essas características facilitam a identificação das partículas espaciais sem que elas sejam confundidas com poeira e neve nativas.

Segundo os cientistas, a maior parte dessa poeira cósmica vem da interação do maior planeta do sistema solar com a Terra. “Nossas simulações numéricas sugerem que a maioria dos micrometeoritos e esférulas cósmicas se originam dos cometas da família de Júpiter e uma pequena parte do cinturão de asteroides”, revela o estudo.

Júpiter é conhecido por usar sua força gravitacional para arremessar meteoritos em direção à Terra. O cinturão de asteroides é uma região entre o gigante gasoso e Marte, onde também se concentra uma boa parte dos meteoritos que vagam pela via láctea.

Os estudos na Antártica identificaram micrometeoritos não derretidos e esférulas cósmicas com diâmetros entre 30 e 350 microgramas, o que equivale a 0,03 e 0,35 miligramas, mas a proporção do que chega à Terra leva em conta fragmentos de rocha alienígena que vão de 12 a 700 microgramas. O peso dessas partículas mais a frequência com que são jogadas contra a Terra dão o valor total de partículas alienígenas que invadem a atmosfera terrestre todos os anos.

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