Empresa americana vai financiar 1ª missão privada para buscar vida em Vênus
Em 2022, a Rocket Lab trabalhou com a Nasa em um lançamento da missão Capstone à Lua
A empresa norte-americana Rocket Lab anunciou nesta semana que irá financiar a primeira missão espacial privada para estudar as condições atmosféricas de Vênus. O lançamento deve ocorrer em um foguete Electron, que tem 18 metros de altura e pode lançar cerca de 300 quilos na órbita baixa da Terra.
Uma janela de lançamento está prevista para ocorrer em maio de 2023 – com oportunidade de backup em janeiro de 2025.
A previsão é de que a espaçonave chegue a Vênus em outubro de 2023. Uma vez lá, a nave Photon implantaria uma pequena sonda de aproximadamente 20 quilos na atmosfera venusiana.
A proposta ousada da companhia vêm a pós a descoberta feita em setembro de 2020, por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Universidade de Cardiff, que observaram o que podem ser sinais de vida nas nuvens de nosso vizinho planetário.
Essas observações indicaram a presença potencial de fosfina, um gás tipicamente produzido por organismos vivos.
Agora os planos da Rocket Lab, que projeta e fabrica foguetes de sondagem, além de prover serviços de lançamento de satélites miniaturizados, envolvem iniciar uma missão interplanetária para ajudar a coletar mais evidências nas nuvens venusianas.
Alguns estudos sugerem que Vênus já foi um planeta habitável semelhante à Terra. Um estudo de 2019 do Goddard Institute for Space Studies da Nasa descobriu que o planeta poderia ter oceanos rasos na superfície por dois a três bilhões de anos e isso teria suportado temperaturas entre 20ºC e 50ºC.
Há 700 milhões de anos, porém, um evento de ressurgimento liberou dióxido de carbono na atmosfera, transformando Vênus em um planeta perigoso e inóspito, onde as temperaturas atmosféricas atingem 537,7ºC.
Objetivos específicos da missão em Vênus
Em artigo detalhando a missão foi publicado no dia 13 de agosto na revista científica MDPI.
O foguete Electron deve chegar a uma órbita de 165 km acima da Terra, onde o estágio superior da espaçonave Photon de alta energia realizará uma série de queimaduras para elevar a órbita da espaçonave e atingir a velocidade de escape — até Vênus.
Photon, que levará a sonda, passará cerca de 5 minutos nas camadas de nuvens de Vênus a 48–60 km de altitude acima da superfície e coletará medições in situ.
“Escolhemos um nefelômetro autofluorescente (instrumento de medição) de baixa massa e baixo custo para procurar moléculas orgânicas nas partículas da nuvem e restringir a composição das partículas”, escreveram os pesquisadores.
Outros objetivos incluem:
- Procurar condições habitáveis e sinais de vida na camada de nuvens de Vênus;
- Amadurecer a espaçonave interplanetária Photon;
- Demonstrar missão de entrada no espaço profundo de alto desempenho, baixo custo e retorno rápido, fornecendo ciência de classe Decadal com pequenas naves espaciais e pequenos veículos de lançamento;
- Dar o primeiro passo em uma campanha de pequenas missões para entender melhor Vênus.
Os pesquisadores afirmam que os dados científicos serão transmitidos diretamente para a Terra em taxas de dados otimizadas.
Objetivos abaixo da camada de nuvem de Vênus, como o potencial de continuar as observações científicas com o instrumento primário ou retornar dados ambientais, serão realizados apenas com base no melhor esforço.
Por se tratar de uma espaçonave pequena, os custos da missão é considerado baixo em comparação com outras explorações interplanetárias. (O custo da missão ainda não foi divulgado). No início deste ano, a Rocket Lab, em uma colaboração com a Nasa, enviou a missão Capstone à Lua.