Mercedes-Benz de Ayrton Senna vai a leilão e pode superar R$ 1,7 milhão
Sedã foi comprado pelo brasileiro após vencer a Corrida dos Campeões nos anos 1980
Um carro que pertenceu a Ayrton Senna será colocado à venda em Londres com preço que pode superar R$ 1,75 milhão. Trata-se de um Mercedes-Benz 190 E 2.3-16, modelo que carrega um fato curioso da carreira do brasileiro ainda no início da Fórmula 1.
O bólido será leiloado no próximo dia 1º de novembro de 2025, durante o tradicional leilão da RM Sotheby’s, evento oficial da London Motor Week.
O veículo é avaliado entre £220.000 e £250.000, valor que, convertido pela cotação atual, varia de aproximadamente R$ 1,5 milhão a R$ 1,75 milhão. A expectativa é de forte interesse de colecionadores de automobilismo e admiradores da trajetória do tricampeão mundial.
A história do carro
A ligação de Senna com o 190 E 2.3-16 remonta a 1984, quando o modelo foi utilizado na Corrida dos Campeões realizada em Nürburgring, corrida comemorativa da inauguração do novo traçado GP-Strecke. O evento contou com 20 pilotos de renome, incluindo nove campeões mundiais da Fórmula 1.

Essa corrida ressaltou ainda mais o caráter obstinado de Senna. Na época, o brasileiro só tinha disputado quatro corridas pela pequena equipe Toleman. O caso é curioso, pois os veteranos estavam "brincando", mas Senna levou a série e venceu, mesmo debaixo de chuva, superando nomes como Niki Lauda e Alain Prost. O carro número 11, pilotado pelo brasileiro naquela ocasião, serviu como vitrine de seu talento em nível internacional.
Tamanho foi o impacto que Senna decidiu adquirir um exemplar do modelo para uso pessoal. Documentos de fábrica mostram que ele recebeu um desconto especial e retirou o carro na Alemanha em outubro de 1985, dirigindo-o até sua residência em Surrey, Inglaterra. Durante dois anos, utilizou o veículo regularmente até vendê-lo em 1987, antes de se mudar para Mônaco.

Como é o Mercedes de Senna
O Mercedes-Benz 190 E 2.3-16 era equipado com motor 2.3 de quatro cilindros, desenvolvido em parceria com a Cosworth, capaz de entregar 185 cv e 24 kgfm de torque. Entre os diferenciais técnicos estavam cabeçote multiválvulas, câmbio manual de cinco marchas e soluções de suspensão refinadas. O conjunto garantia aceleração de 0 a 100 km/h em 7,5 segundos e velocidade máxima de 230 km/h.
O exemplar mantém a configuração original com pintura na cor Smoke Silver Metallic, a mesma utilizada pelos carros da corrida em Nürburgring. O modelo tem equipamentos de fábrica adicionais, como sistema de som Becker Mexico, rodas exclusivas, alarme aprovado pela Mercedes-Benz e kit de ferramentas original. O hodômetro registra cerca de 154 mil milhas (247 mil km), e a documentação inclui notas de serviços desde a época do piloto.
O sedã permaneceu em posse do brasileiro por dois anos, acumulando cerca de 40 mil km, até ser vendido em 1987 para Robin Clark, amigo do empresário Julian Jakobi. Em 1996, foi adquirido pelo atual dono, que mais tarde o levou para a Austrália.

Para atender à legislação local, o ar-condicionado foi desativado, mas pode ser reativado pelo futuro comprador. O carro foi mantido em boas condições, com histórico de manutenção comprovado por recibos e notas fiscais.
Um detalhe simbólico foi adicionado em 2016, quando o carro foi exibido durante o Grande Prêmio da Austrália. Niki Lauda autografou o cofre do motor, e Lewis Hamilton, fã declarado de Senna, posou com o carro.



