Américo Martins
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Américo Martins

Especialista em jornalismo internacional e fascinado pelo mundo desde sempre, foi diretor da BBC de Londres e VP de Conteúdo da CNN; já visitou mais de 70 países

COP30

Marina Silva critica aumento de gastos militares e cobra ação climática

Ministra do Meio Ambiente alerta para contradição entre investimentos em defesa e omissão diante da emergência ambiental global

Ministra Marina Silva  • Valter Campanato/Agência Brasil
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A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, criticou a decisão dos líderes de alguns dos principais países do mundo de aumentar os gastos militares e cobrou mais investimentos no combate à emergência climática.

Marina conversou com exclusividade com a CNN Brasil durante sua visita a Londres para participar da London Climate Action Week, na mesma semana em que os países membros da OTAN anunciaram que vão ampliar os gastos com defesa para 5% do PIB até 2035.

Segundo a ministra, o aumento dos investimentos em armamentos revela uma contradição grave diante da urgência da crise climática, que ainda recebe atenção e financiamento insuficientes por parte da comunidade internacional.

“Deveríamos estar fazendo guerra contra a pobreza, contra o clima, contra a desinformação, contra a perda dos empregos”, afirmou Marina.

“Mas infelizmente estão acontecendo guerras que ceifam vidas inocentes e civis em completa barbárie, ao mesmo tempo em que minamos o terreno da cooperação e drenamos recursos para o que não pode ser”, disse ela.

 

Para a ministra, a escalada militarista dos países ricos ignora o verdadeiro risco global: o colapso ambiental.

Ela alertou que, enquanto se multiplicam os orçamentos voltados à defesa, faltam investimentos em soluções que poderiam garantir um futuro sustentável e próspero, como energia limpa, agricultura de baixo carbono, bioeconomia e indústria verde.

“A mudança do clima é uma guerra silenciosa”, disse.

Marina também fez uma crítica dura à omissão dos líderes que reconhecem a gravidade da emergência climática, mas não adotam medidas à altura.

“Há duas formas de negacionismo: a de quem nega a realidade e a de quem, mesmo sabendo do diagnóstico, se omite. Quando a realidade exige uma atitude clínica e não agimos, o que temos é uma atitude cínica”, afirmou.