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    Américo Martins
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    Américo Martins

    Especialista em jornalismo internacional e fascinado pelo mundo desde sempre, foi diretor da BBC de Londres e VP de Conteúdo da CNN; já visitou 68 países

    Trump sofre para adaptar campanha e perde espaço crucial para Kamala Harris

    Ex-presidente não consegue mudar discurso, mantém ataques aos democratas sem apresentar propostas concretas e começa a patinar nas pesquisas

    O ex-presidente Donald Trump não conseguiu até agora adaptar sua campanha para fazer frente à indicação de Kamala Harris como candidata do Partido Democrata à Casa Branca – e, com isso, começa a perder um espaço crucial nas pesquisas de intenção de voto.

    Trump continua com a mesma estratégia que havia traçado quando o candidato ainda era o presidente Joe Biden: insistir em ataques pessoais, lançar mentiras e alegações falsas contra os democratas e se dizer indignado com “tudo o que está errado” nos Estados Unidos.

    Esse tipo de campanha raivosa estava funcionando contra Biden, um dos presidentes mais impopulares da história do país.

    Mas não está surtindo efeito contra a vice-presidente Harris, que conseguiu motivar o eleitorado democrata e vem em franca ascensão nas intenções de voto desde que foi escolhida pelo partido como a substituta de Biden.

    Trump até tentou, em alguns comícios e na própria convenção do Partido Republicano, fazer propostas mais sérias e concretas para tentar enfrentar alguns problemas, como a necessidade de maior crescimento econômico do país e uma melhor administração da imigração.

    Mas a sua personalidade e o seu modo agressivo de fazer política parecem ser mais fortes do que o seu desejo de atender aos aliados e marqueteiros de sua campanha.

    Depois de trinta minutos seguindo o script dos marqueteiros nos comícios, Trump inevitavelmente volta aos ataques e mentiras. Com isso, até mantém motivada sua base mais fervorosa, mas não consegue avançar sobre os eleitores indecisos – o grupo que, de fato, vai decidir a eleição.

    O resultado de tudo isso é o avanço de Harris, que já aparece na liderança em algumas pesquisas eleitorais.

    Um levantamento do jornal Washington Post, da TV ABC News e do instituto Ipsos divulgado no fim de semana mostra que a candidata democrata garantiu a liderança, fora da margem de erro, pela primeira vez em uma pesquisa nacional.

    Entre os eleitores registrados em todo o país, a pesquisa mostra Harris com 49% das intenções de voto, contra 45% de Trump. Já quando o cenário inclui candidatos independentes, Harris detém 47% de apoio contra 44% de Trump, com Robert F. Kennedy com 5% e nenhum outro candidato acima de 1%.

    Tudo isso está deixando os aliados de Trump cada vez mais preocupados.

    No domingo, o senador da Carolina do Sul Lindsey Graham deixou isso claro durante o programa “Meet the Press”, da TV NBC.

    Segundo ele, “Donald Trump, o provocador, o exibicionista, pode não vencer esta eleição.”

    Para o senador, o candidato republicano precisa mudar tudo em sua campanha e passar a falar mais em propostas para melhorar a vida dos americanos.

    Trump vai tentar fazer exatamente isso esta semana.

    Num contraponto à convenção do Partido Democrata que vai oficializar Harris como candidata da legenda, o ex-presidente vai visitar vários estados-pêndulo, com a intenção de discutir o que ele chama de propostas para vários temas que acredita serem pontos fracos de Harris.

    Resta saber se, desta vez, ele vai conseguir se controlar. Lembrando que o próprio Trump já disse acreditar que tem “o direito a ataques pessoais” contra Harris.

    “Não tenho muito respeito por ela. Não tenho muito respeito por sua inteligência e acho que ela será uma péssima presidente”, disse o ex-presidente no seu mais tradicional estilo.

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